Título: Alckmin apoia Aécio para comandar PSDB
Autor: Mello, Alessandra
Fonte: Correio Braziliense, 26/03/2013, Política, p. 3

Aécio faz palestra para o diretório de São Paulo, conversa com FHC e renova críticas à política econômica do governo Dilma

Para ser candidato a presidente da República, Aécio Neves (PSDB-MG) precisa do apoio do seu partido no maior colégio eleitoral do país, São Paulo. E parte importante desse apoio ele obteve ontem na capital paulista, antes de fazer uma palestra no congresso estadual da legenda: o governador Geraldo Alckmin defendeu oficialmente o nome do senador mineiro para assumir a presidência do PSDB nacional. “Aécio, corra o Brasil. Ouça o brasileiro, fale ao povo brasileiro. Una o partido”, declarou Alckmin. Sem a presença de uma das principais estrelas da legenda no estado, o ex-governador José Serra (PSDB), Aécio recebeu, ainda, a renovação do apoio já declarado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

FHC pediu que o senador trabalhe em prol de uma candidatura forte para fazer frente ao PT e reorganizar o partido em todo o país. O ex-presidente disse que nada poderá ser feito se o partido caminhar dividido. Disse ainda que o PSDB precisa de um banho de povo, “pois sabemos governar muito melhor que essa gente”.

Aécio foi a principal estrela do congresso que o PSDB de São Paulo promove desde fevereiro para discutir uma agenda de desenvolvimento para o Brasil. Em sua fala, o senador pregou a unidade do partido e criticou, mais uma vez, o governo da presidente Dilma Rousseff, principalmente em relação às questões econômicas. Para Aécio, a visão petista do Brasil é “equivocada”.

A participação do mineiro faz parte da estratégia que vem sendo montada por ele e por seus apoiadores para vencer as resistências do grupo ligado a Serra, que não participou do evento de ontem alegando compromissos já agendados nos Estados Unidos. O plano é eleger Aécio, em maio, presidente do PSDB e já começar a trabalhar seu nome como pré-candidato ao Palácio do Planalto em 2014. A avaliação é que, ao assumir o comando nacional da agremiação, o senador ganharia visibilidade e respaldo para falar em nome do partido em andanças Brasil afora, sem a pecha de estar campanha antecipada.

Caciques tucanos Antes da palestra, na sede do PSDB paulista, o senador se reuniu com caciques do partido na sede do Instituto Fernando Henrique Cardoso (iFHC), no centro da cidade. A reunião contou com a presença do presidente nacional do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE); do vice-presidente da legenda, Alberto Goldman; do senador Aloysio Nunes (SP) e do vereador Andrea Matarazzo. Os três últimos são muito próximos de José Serra. Guerra e FHC já apoiam abertamente o nome de Aécio para 2014 e, também, para a presidência do partido.

O senador Aécio Neves tentou mostrar, no entanto, que o encontro não foi, como muitos pregaram, um ensaio do lançamento da sua pré-candidatura a presidente. A intenção foi apresentar as prioridades do PSDB e as diferenças em relação ao PT. “O PSDB é a grande alternativa, talvez seja a principal alternativa clara a esse modelo de gestão imposto pelo PT. E cabe a nós clarearmos isso, transmitirmos isso para a população”, defendeu. Segundo ele, o grande desafio do partido é traduzir com maior clareza para o eleitor o que diferencia o PSDB do modelo petista de governo.

Aécio disse ainda que não será candidato a “qualquer custo” e que espera contar com o apoio de todo o partido, em especial, o do governador de São Paulo. “O PSDB terá um projeto, terá um candidato. E esse candidato, para ter sucesso, terá que ter o apoio do governador Geraldo Alckmin. Todos os passos que temos dado são conversados em profundidade com ele.”