Título: PT quer barrar brigas com aliados
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 26/03/2013, Política, p. 3

A direção nacional do PT reuniu ontem, em São Paulo, com os representantes dos 26 diretórios estaduais — apenas o Espírito Santo estava ausente — para avisar que a lógica eleitoral será dada a partir da coligação nacional em torno do projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff. Essa determinação teve, como origem, a ordem dada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deseja o empenho do PT para repetir nas eleições para os governos estaduais, sempre que possível, a aliança montada na disputa presidencial.

A recomendação é um recado claro para que os petistas evitem comprar brigar com o PMDB. A situação mais dramática, até o momento, é a do Rio de Janeiro, agravada depois que um dossiê com denúncias contra o senador e pré-candidato do PT ao governo do Rio Lindbergh Faria foi elaborado com base em informações passadas pelo PMDB fluminense. “Quando se tem uma polarização muito grande, essas disputas costumam ocorrer. Nossa intenção é que a disputa no Rio não transborde para nenhuma sequela com aquele partido que tem a vice-presidência da República e que tende a continuar como nosso aliado mais potencial, o PMDB”, declarou o presidente nacional do PT, Rui Falcão.

Falcão também procurou não entrar em rota de colisão com o presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Defendeu, inclusive, o direito de ele reunir-se com lideranças políticas adversárias do PT, como é o ex-governador de São Paulo José Serra. “O governador Eduardo Campos, como liderança nacional, se encontra com quem ele achar conveniente. Não é nosso papel analisar os encontros dele. O importante é que o PSB integra a base de apoio da companheira Dilma e nossa expectativa é que possa continuar sendo assim”.

Mesmo tentando aparentar tranquilidade com a questão, Falcão pediu aos representantes um diagnóstico sobre como estão as conversas eleitorais nos estados. Como adiantou o Correio, ontem, partidos que estão na base de apoio da presidente Dilma, como PP, PR, PDT e PTB — alguns, inclusive, no comando ministérios com orçamentos consideráveis —, ainda não decidiram se estarão ao lado da petista em 2014. “Fizemos um primeiro apanhado para saber, por exemplo, quem está conversando com a Rede (partido que a ex-ministra Marina Silva está tentando legalizar), se tem alguma articulação pró-Aécio (Neves, pré-candidato do PSDB), pró-Eduardo Campos. E as pessoas deram informações sobre isso”, confirmou o presidente do PT. “Vamos fazer outra reunião para discutir como as centrais sindicais e os movimentos sociais estão encarando as ações do nosso governo”, complementou ele.

Boas notícias Os petistas também exaltaram a boa avaliação que a presidente tem nos estados, sobretudo por causa das medidas tomadas nos últimos meses, como a redução da conta de luz, a desoneração da cesta básica e a queda na taxa de juros. “As pesquisas são muito favoráveis, mas são retrato do momento. Nada além disso”, disse Falcão.

O presidente do PT não quis adiantar quem será o candidato do partido ao governo de São Paulo. Apenas acrescentou o nome do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, entre as opções especuladas anteriormente, como os ministros Alexandre Padilha (Saúde), Aloizio Mercadante (Educação), José Eduardo Cardozo (Justiça) e Guido Mantega (Fazenda).