Título: O dia D para Marco Feliciano
Autor: Mader, Helena; Caitano, Adriana
Fonte: Correio Braziliense, 26/03/2013, Política, p. 4

Termina hoje o prazo dado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para que o PSC ponha fim à crise instalada pela indicação do pastor Marco Feliciano (SP) para a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. A direção do partido ainda não decidiu como acabar com o problema e os integrantes da bancada do PSC se reúnem hoje às 14h para definir o posicionamento oficial da legenda sobre o caso. Ontem, a Anistia Internacional divulgou nota considerando “inaceitável” a permanência do deputado no cargo.

Enquanto o partido não se manifesta, Feliciano dá pistas de que não pretende deixar o posto. Ele anunciou uma viagem oficial à Bolívia para acompanhar os 12 corintianos presos por envolvimento na morte do torcedor Kelvin Espada. O pastor disse ainda a um programa de televisão que “só morto” deixa o comando do colegiado.

O vice-presidente do PSC, pastor Everaldo Dias, deve participar da reunião da bancada hoje à tarde para negociar o afastamento de Feliciano. O partido tem duas opções para ocupar a presidência da comissão, caso o deputado deixe o cargo.

Um dos nomes é o da deputada Antônia Lúcia (PSC-AC), vice-presidente da comissão. A parlamentar é processada pelo Ministério Público Federal (MPF) no Acre, que pediu a cassação do mandato. O caso será decidido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Antônia Lúcia também é acusada de compra de votos e de improbidade administrativa. A parlamentar nega as acusações.

O outro nome é Zequinha Marinho (PSC-PA), que poderia enfrentar a resistência de militantes, já que também é visto como radicalmente contrário aos direitos dos homossexuais. Assim como as manifestações contra Feliciano, também existe um abaixo-assinado de apoio ao pastor, que já reúne quase 300 mil assinaturas.

Ontem, deputados voltaram à tribuna do plenário da Câmara para reiterar os pedidos de afastamento do pastor Feliciano. Érika Kokay (PT-DF) disse que a presença do deputado na comissão transforma o colegiado “em um instrumento de ódio e obscurantismo”. “Esta semana é decisiva para a Casa. Existe uma crise instalada no Poder Legislativo, tomaram de assalto a Comissão de Direitos Humanos”, disse.