Título: PTB fica sem ministério
Autor: Lyra, Paulo de Tarso; Correia, Karla
Fonte: Correio Braziliense, 05/04/2013, Política, p. 3

A presidente Dilma Rousseff não pretende negociar uma vaga na Esplanada dos Ministérios para o PTB. Apesar das pressões do grupo de senadores do partido, o Planalto tem dado sinais de que poderá, no máximo, ampliar o poder da legenda no segundo escalão do governo federal. Os petebistas já presidem a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e poderiam herdar a vice-presidência de governo do Banco do Brasil, vaga aberta após a indicação de César Borges para o Ministério dos Transportes.

O PTB ainda sonha com uma vaga melhor no governo federal. O partido queria — e acabou perdendo — a Secretaria Nacional de Aviação Civil. O posto foi ocupado pelo ex-ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Moreira Franco. As lideranças partidárias resolveram, então, crescer os olhos para o ministério da Ciência e Tecnologia. Mas tudo indica que o atual titular, Marco Antonio Raupp, permanecerá na vaga.

Um dos possíveis cotados do PTB para o banco oficial seria o atual presidente interino da legenda, Benito Gama. Baiano como o antecessor, César Borges, Gama ocupa a presidência do partido durante a licença médica do titular, Roberto Jefferson, condenado a sete anos e quatorze dias de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no julgamento do mensalão. Jefferson está em tratamento de um câncer no pâncreas.

Por enquanto, após resolver os problemas de PMDB, PR e PDT, Dilma deve aguardar até chamar novas legendas para discutir mudanças nos cargos da máquina federal. A conversa com o PTB já foi adiada três vezes e, segundo apurou o Correio, a presidente só deverá convocar as lideranças do partido quando estes chegarem a um consenso quanto aos nomes e aceitarem as vagas oferecidas pelo governo.

Outra novela que vem se arrastando envolve o PSD, presidido pelo ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. A situação do PSD é inversa à do PTB. Dilma quer os pessedistas em seu governo, ofereceu a eles o ministério da Micro e Pequena Empresa e são eles que, até o momento, estão relutando em assumir o compromisso e compor politicamente com o Planalto.

Em dezembro, Dilma convidou pessoalmente o então vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, para o cargo. Segundo apurou o Correio, ele aceitou assumir o ministério. O partido, inclusive, reuniu pareceres jurídicos para mostrar que não haveria nenhuma impossibilidade de acumular o Ministério com o posto de vice-governador de Geraldo Alckmin.

Mudanças Mas na época em que Dilma procurou Afif, o PSD imaginava que teria, também, outra vaga na Esplanada. Só que mudanças ocorreram e o espaço para remanejar os pessedistas ficou escasso. Como consequência natural, diminuiu o interesse de Kassab e dos aliados em se comprometer de antemão com Dilma Rousseff. Especialmente, após a confirmação de criação do ministério da Micro e Pequena Empresa, com a possibilidade de nomeação de apenas 68 cargos e um orçamento enxuto de R$ 54,3 milhões para 2013.

A título de comparação, o maior orçamento da Esplanada pertence ao Ministério dos Transportes, comandado pelo PR de César Borges — R$ 16 bilhões em investimentos previstos para este ano.

Orçamento é sancionado sem vetos O Orçamento 2013 foi sancionado ontem sem vetos pela presidente Dilma Rousseff . A previsão de crescimento econômico é de 4,5%. O Orçamento da União só foi aprovado pelo Congresso no mês passado, devido à polêmica em torno da votação dos vetos presidenciais. O texto fixa em R$ 2,27 trilhões a receita total da União neste ano, sendo R$ 83,3 bilhões para investimentos e R$ 610,1 bilhões para rolagem de dívidas. O Orçamento da União prevê taxa básica de juros (Selic) de 7,25%, inflação de 4,91% e superávit primário de 3,1% do PIB. A previsão de arrecadação é de R$ 1,25 trilhão em impostos e outras fontes de recursos.