Correio braziliense, n. 20972, 24/10/2020. Política, p. 3

 

Flávio procura GSI e Abin

Renato Souza 

24/10/2020

 

 

A defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) admitiu ter procurado o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) com o intuito de obter ajuda para desvendar supostas ilegalidades cometidas por servidores da Receita Federal no Rio, durante a produção de relatórios que apontaram movimentações suspeitas em contas do parlamentar. Flávio é acusado de chefiar um esquema de rachadinha no gabinete quando era deputado na Assembleia Legislativa do estado. As suspeitas começaram após relatórios de inteligência financeira apontarem transações suspeitas de R$ 1,2 milhão na conta dele.

Ontem, a revista Época publicou que o presidente Jair Bolsonaro participou, em 25 de agosto, da reunião para tratar do assunto relativo à Receita, na qual estiveram presentes advogados do filho; o ministro do GSI, Augusto Heleno; e o diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem.

Os advogados de Flávio disseram que o GSI, órgão atrelado à Abin, foi acionado porque o episódio envolve "a família do presidente Jair Bolsonaro". De acordo com a revista, meses após atuar no caso, o GSI não confirmou as suspeitas da defesa do parlamentar contra servidores da Receita.

Segundo os advogados de Flávio, existiria uma organização criminosa na Receita, o que, se confirmado, poderia levar à anulação das apurações contra ele e deputados estaduais investigados. "A defesa do senador esclarece que levou ao conhecimento do GSI as suspeitas de irregularidades das informações constantes dos Relatórios de Investigação Fiscal lavradas em seu nome, já que diferiam, em muito, das características, do conteúdo e da forma dos mesmos relatórios elaborados em outros casos, ressaltando-se, ainda, que os relatórios anteriores do mesmo órgão não apontavam qualquer indício de atividade atípica por parte do senador", informaram.

Parlamentares da oposição defenderam a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o eventual uso da Abin em prol da defesa de Flávio. O deputado Alessandro Molon, líder do PSB, e outros congressistas recolhem assinaturas para criar a comissão.