Título: Alta de remédios chega a 15%
Autor: Lobato, Paulo Henrique
Fonte: Correio Braziliense, 05/04/2013, Economia, p. 9

Autorizadas a corrigir os preços em até 6,31%, as drogarias suspendem os descontos para dobrar o lucro. Pacientes temem não conseguir continuar os tratamentos vitais

A permissão do governo para que as farmácias de todo o país possam reajustar os preços dos 6.234 medicamentos foi publicada ontem, no Diário Oficial da União. Mas os estabelecimentos estão remarcando os remédios muito acima das porcentagens estipuladas. Segundo a decisão da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) — formada por representantes de vários ministérios — validada ontem, são três os níveis de aumentos: 2,7%, 4,51% e 6,31%. Nas prateleiras, porém, há títulos até 15% mais caros.

A justificativa dos representantes comerciais é de que, com a autorização para aumentar os preços, os tradicionais descontos foram reduzidos ou mesmo cortados e que, com isso, a variação final ficou maior que a anunciada pelo Executivo. Os vendedores que ainda não repassaram o aumento dizem que o farão a partir de segunda-feira, quando novos lotes chegarão às lojas.

É o que vai acontecer na drogaria onde Claudionor Luiz Paiva trabalha, no Varjão. “Vamos receber um pedido na próxima semana e, com certeza, os produtos estarão com preços maiores”, disse o farmacêutico. No caso da loja em que o vendedor Cícero Walisson atua, no Cruzeiro, os valores foram remarcados antes mesmo da autorização do governo. “Todos os remédios e a perfumaria ficaram mais caros no último dia 1º”, contou.

Quem depende diariamente de medicamentos para viver está preocupado com a elevação dos custos. O aposentado Sebastião Messias, 61 anos, gasta cerca de R$ 150 mensais para se tratar. “Tenho um problema cardíaco, mas também preciso tomar o omeprazol (gastrite), porque a grande quantidade de remédios afeta o meu estômago. A minha aposentadoria é de aproximadamente R$ 1 mil, portanto, gasto cerca de 15% com isso. E agora vou ter de desembolsar mais”, lamentou.

Critérios A União usou o critério da participação dos genéricos no mercado de medicamentos para definir as três faixas de correção dos preços, devido à concorrência. Dessa forma, o percentual de 6,31% foi autorizado nos remédios cuja participação dos genéricos é igual ou superior a 20%. Naqueles em que a margem é entre 15% e 20%, o aumento foi de 4,51%. Já na categoria em que respondem, no máximo, por 15% do mercado, a alta foi de 2,70%. A correção dos preços dos medicamentos ocorre num momento em que a inflação ainda continua pressionada, levando o mercado a esperar alta da Selic — hoje na mínima histórica de 7,25% ao ano — em breve.