Título: MP pede anulação do júri de Marabá
Autor: Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 06/04/2013, Política, p. 6
O Ministério Público do Pará recorreu, ontem, ao Tribunal de Justiça do estado contra a absolvição do agricultor José Rodrigues Moreira, que foi acusado de ser o mandante da morte do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva. O agricultor foi julgado esta semana com mais dois acusados, mas ganhou a liberdade porque os jurados entenderam que não havia provas suficientes para condená-lo. Os outros dois réus — Lindonjonson Rocha (irmão de José Moreira) e Alberto Lopes do Nascimento — foram considerados culpados da acusação de assassinato e pegaram mais de 40 anos de prisão. Assim que o veredicto foi anunciado, na noite de quinta-feira, manifestantes que acompanhavam o julgamento apedrejaram o prédio onde funciona o Fórum de Marabá.
A absolvição de Moreira continua a render protestos. Ontem, em nota conjunta, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e a Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República comemoraram as duas condenações, mas lamentaram a decisão do júri de libertar Moreira.
O promotor Danyllo Pompeu Colares acredita que a Justiça marcará um novo julgamento. O representante do Ministério Público sustenta que o agricultor e o irmão dele pretendiam comprar terras no Assentamento Praialta-Piranheira, na região de Nova Ipixuna, mas foram denunciados por José Cláudio e Maria. Moreira teria ameaçado o casal dias antes do duplo assassinato. Os jurados entenderam que Alberto Lopes do Nascimento atirou nos camponeses — ele recebeu pena de 45 anos de cadeia — com a ajuda de Lindonjonson, que participou da tocaia — ele foi condenado a 42 anos e 8 meses de prisão.
"Saudamos a decisão imediata do Ministério Público de oferecer recurso diante da absolvição do acusado de ser o mandante do crime", diz a nota conjunta do MDA e da SDH. "Por esse motivo, acreditamos que a Justiça só será plena com a responsabilização igualmente firme, por parte do Poder Judiciário, dos autores intelectuais ou mandantes da execução", completou o comunicado.