Título: Dólar a R$ 1,988
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 06/04/2013, Economia, p. 8

O dólar encerrou as negociações de ontem cotado a R$ 1,988 para venda, com baixa de 1,41% em relação à véspera. Mesmo considerando esse nível de preço ruim para as exportações, o governo se manteve ausente do mercado, pois insistir em preços acima de R$ 2 pode impactar ainda mais a inflação, que dá sinais de descontrole.

A queda foi a maior desde 28 de janeiro, e, segundo os especialistas, acabou impulsionada pela entrada de recursos estrangeiros no país. "Houve uma migração expressiva de capital para o Brasil", disse José Carlos Amado, operador da Corretora Renascença. A expectativa é de que, com o fraco desempenho do mercado de trabalho nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, continuará injetando dólares na economia norte-americana, com parte do dinheiro escoando para países emergentes. Além disso, há a promessa do governo japonês de liberar US$ 1,4 trilhão para estimular o consumo e a produção na terceira maior economia do mundo.

Na segunda metade do ano passado, por decisão política, o governo brasileiro decidiu elevar o dólar para além dos R$ 2. Criou-se a expectativa no mercado de que a meta seria alcançar R$ 2,30, para incrementar as vendas externas. O problema foi que a alta do dólar acabou repassada integralmente aos preços, movimento que se vê até hoje. "Agora, com a acomodação da moeda norte-americana, acreditamos que o câmbio não será mais problema para a inflação", disse um técnico do governo.

No mercado acionário, a sexta-feira foi de recuperação para o Ibovespa, principal índice de lucratividade da Bolsa de São Paulo. Nem mesmo mais um tombo dos papéis da OGX, de 13%, impediu alta do indicador de 0,74%, para os 55.050 pontos. "Foi um dia louco no mercado. As ações se mostraram voláteis, baseadas em notícias pontuais, o que, de alguma forma, camuflou assuntos macroeconômicos mais importantes", afirmou Carlos Nielebock, operador na Icap.

» Desemprego nos EUA segue em queda

O desemprego continua em queda nos Estados Unidos. Segundo dados divulgados ontem, pelo Departamento de Trabalho do país, a taxa de desocupação recuou 0,1% em março, na comparação com o mês anterior, que registrou queda de 7,6%. Ao mesmo tempo, a criação líquida de postos teve redução de um terço, com 88 mil novas vagas, um número menor que as 192 mil esperadas pelos analistas. O chefe da equipe econômica do presidente Barack Obama, Alan Krueger, destacou que esses são os primeiros dados oficiais desde a entrada em vigor, no início de março, dos cortes automáticos dos gastos. "O presidente vai seguir pressionando o Congresso para que adote medidas que ele propôs, no (discurso) do Estado da União, para impulsionar o crescimento do emprego e assegurar que os trabalhadores tenham as ferramentas necessárias para competir", afirmou Krueger.