Correio braziliense, n. 20978, 30/10/2020. Política, p. 3

 

Ataques e piada homofóbica

Ingrid Soares 

30/10/2020

 

 

O presidente Jair Bolsonaro voltou ao ataque contra governadores. Em visita, ontem, a Imperatriz (MA), para entregar obras, o chefe do Planalto fez críticas indiretas ao gestor do estado, Flávio Dino (PCdoB), um de seus rivais políticos. Ele afirmou que sua gestão vai "mandar embora o comunismo do Brasil".

Em clima de comício, Bolsonaro se disse feliz por estar no local, rodeado pelo povo. "Nós vamos, num curto espaço de tempo, mandar embora o comunismo do Brasil. Nós não aceitamos esse regime ditatorial, em que o povo não tem vez. Nós somos a liberdade. Nós somos aqueles que não têm medo da verdade. Com vocês, construímos um novo Brasil", discursou, sob aplausos de apoiadores. Ele emendou dizendo que a bandeira do governo "jamais será turvada de vermelho".

Bolsonaro frisou que tem um plano para o estado nordestino. De acordo com ele, mesmo com orçamento menor em 2020, conseguiu iniciar e concluir obras, incluindo as iniciadas em outros mandatos. O presidente frisou que isso significa respeito ao dinheiro público. "Podem ter certeza: outras vezes viremos aqui e, se Deus quiser, brevemente estaremos para comemorar a erradicação do comunismo em nosso Brasil", destacou.

Em Bacabeira, também no Maranhão, Bolsonaro parou para tomar um guaraná Jesus. O refrigerante, de cor rosa, motivou uma piada homofóbica do presidente. "Agora, eu virei boiola. Igual maranhense, é isso?", disse, rindo, após dar um gole na bebiba. "Guaraná cor-de-rosa do Maranhão aí, quem toma esse guaraná, aqui, vira maranhense", completou.

As declarações do presidente foram rebatidas por Flávio Dino. "Bolsonaro veio ao Maranhão com sua habitual falta de educação e decoro. Fez piada sem graça com uma de nossas tradicionais marcas empresariais: o guaraná Jesus. E o mais grave: usou dinheiro público para propaganda política. Será processado", escreveu o governador, no Twitter.

"Lunático"
Na quarta-feira à noite, Bolsonaro também disparou contra o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), outro desafeto político. O chefe do Executivo chamou o tucano de "lunático" por ter anunciado vacinação obrigatória contra a covid-19 no estado. A declaração foi feita a apoiadores, na entrada do Palácio da Alvorada. Ele disse, também, que São Paulo "só não quebrou" graças à ajuda do governo federal.

"Imagina se tivesse o Doria presidente, esse da vacina obrigatória, que fechou tudo em São Paulo. Só não quebrou São Paulo devido ao socorro do governo federal, auxílio emergencial, pequenas e microempresas, rolagem de dívidas, compensação de perda de arrecadação de ICMS, socorro aos empresários de hotéis e restaurantes, graças a isso. Teria quebrado São Paulo", disparou.

Bolsonaro voltou a mencionar aumento de impostos no estado paulista. "E na pandemia, agora, ele (Doria) aumenta impostos do seu estado. Estão sabendo disso? Algum paulista, aí? Aumentou ICMS de combustível, criou imposto para o cara que é deficiente comprar um carro, aumentou tudo, tudo que possa imaginar, e ainda fala em obrigar a tomar a vacina. Que lunático, acho coisa de lunático isso daí. Lunático", completou.

Doria, por sua vez, respondeu às provocações por meio das redes sociais. "Recomendo ao presidente Bolsonaro parar de me atacar e começar a trabalhar. O povo não quer briga, quer emprego. O Brasil não quer divisão, quer compaixão. O Brasil não quer um presidente que só pensa em reeleição."