Correio braziliense, n. 20982, 03/11/2020. Artigos, p. 9

 

Bancos continuarão na vanguarda

Isaac Disney 

03/11/2020

 

 

Ao longo das últimas três décadas, os bancos brasileiros estiveram na vanguarda da tecnologia bancária mundial. O setor introduziu no dia a dia das pessoas importantes mudanças, como o chip nos cartões de crédito, os tokens, a biometria, a internet banking e o mobile banking. Essas ferramentas foram incorporadas no cotidiano do cidadão e das empresas e hoje são tão comuns e fáceis como acender uma luz ou acessar a internet.

O Pix, que se soma ao mundo da tecnologia bancária, será algo histórico, nos levará à era dos pagamentos instantâneos e é o jeito mais moderno e eficiente de fazer transferências imediatas para onde você quiser. A partir de 16 de novembro será possível enviar e receber dinheiro todos os dias e a qualquer tempo de forma fácil, simples e sem demora.

Os bancos brasileiros estão, e sempre estiveram, em constante processo de preparação para se adequar às inovações tecnológicas e regulatórias. No Brasil, já fazíamos transferências de recursos, via TED e DOC, antes de muitos países desenvolvidos, sob o olhar atento e igualmente inovador do Banco Central.

Em realidade, os bancos, estão muito à frente de alguns novos integrantes da indústria financeira que alardeiam serem os inventores da roda, da inovação e da modernidade desse mercado. Tornou-se uma lenda urbana a percepção de que essas empresas, a exemplo das Fintechs, são mais inovadoras do que os bancos tradicionais.

Ser digital, inovador e moderno, além de seguro, sempre esteve no DNA dos bancos. Essa realidade já foi assimilada e entendida por seus milhões de clientes.

Competição é fundamental e saudável para todos os setores, inclusive para o bancário. A entrada de Fintechs e bancos digitais é muito bem-vinda, por permitir mais eficiência de toda a indústria, com inegáveis ganhos para as pessoas e empresas.

Aparentemente, alguns desses novos atores vivem uma crise de identidade. Estão crescendo bastante, alguns já alcançam o tamanho de bancos, parecem bancos, agem como bancos, mas, se perguntados, preferem se dizer apenas empresas de tecnologia. Querem o bônus, mas não o ônus da simetria regulatória.

Muitas das vezes, o que vemos é alarde de atributos que só reforçam as marcas há muito conferidas aos bancos pela sociedade: modernidade, confiança e, principalmente, segurança.

Afinal, o setor bancário se especializou e é o responsável pela preservação da segurança, da confiabilidade e da sustentabilidade do sistema. Agora, ainda mais, neste momento em que estamos trabalhando na implementação da Lei Geral de Proteção de Dados.

Atualmente, os investimentos feitos pelo setor bancário em tecnologia são da ordem de R$ 25 bilhões anuais, sendo R$ 2 bilhões em segurança cibernética.

Neste momento de isolamento social, foi graças à tecnologia e à inovação acumuladas em décadas que os brasileiros puderam pagar as contas, conferir suas finanças, comprar, tocar os negócios de suas famílias e empresas sem saírem da segurança de suas casas. A infraestrutura bancária no Brasil é uma das maiores do mundo, capaz de suportar 90 bilhões de transações a cada ano.

Nesse sentido, o Pix será uma poderosa ferramenta para impulsionar a bancarização no país, trazendo novos clientes para o sistema financeiro e com grande potencial para auxiliar a economia. O acesso a serviços financeiros constitui um passo crucial para a inclusão social e para o combate à desigualdade no país.

O pagamento instantâneo dará ainda uma nova lógica para as atividades comerciais, com mais agilidade para quem compra e para quem vende. A economia tende a ganhar mais velocidade e ritmo, já que recursos entram e saem das contas de forma instantânea, podendo estimular mais investimentos e ganhos ao comércio.

O Pix será uma importante oportunidade para a redução do uso de dinheiro em espécie em transações comerciais.

Segurança é uma preocupação permanente dos bancos e, no caso do Pix, estamos bastante vigilantes. Usaremos toda a expertise com o sistema de pagamentos instantâneos, como já fazemos com TED e DOC, transferências e boletos.

Enfim, iremos continuar ajudando o cliente a criar um DNA digital que permita ter acesso a serviços com maior valor agregado, mais eficiência e redução de custos. Os bancos continuarão fazendo isso.

Um próximo passo de modernização do setor financeiro, no curto prazo, será a chegada do Open Banking, que tende a intensificar as ofertas de valor para os clientes, com novos produtos e serviços.