Título: Protestos contra o pastor
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Fonte: Correio Braziliense, 08/04/2013, Política, p. 5

Um mês depois da posse como presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara, o deputado federal e pastor evangélico Marco Feliciano (PSC-SP) ainda enfrenta protestos contra a permanência no cargo. Ontem, cerca de 1,5 mil pessoas caminharam pela Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, com cartazes, faixas e bandeiras. As mensagens criticavam a “intolerância e a discriminação no Congresso Nacional”. Embora rejeite qualquer possibilidade de deixar o comando do colegiado, o pastor, acusado de homofobia e racismo, promete participar da reunião de lideranças partidárias amanhã, na Câmara, quando escutará apelos dos colegas para que renuncie.

Eleito no início de março, Feliciano vem resistindo às pressões para deixar o cargo. Ele alega que participará da reunião com as lideranças da Câmara para levar a pauta da comissão aos colegas e discutir temas ligados aos direitos humanos. Mas diz, com convicção, que não estará “sensível” a argumentos para que desista da presidência. “Temos muito trabalho bonito para fazer”, afirmou.

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), tem feito críticas públicas a atitudes do pastor, como a de fechar as reuniões da comissão ao público, mas argumenta que, uma vez eleito pelos deputados, não há como retirar Feliciano da presidência da CDHM. Ele já pediu, sem sucesso, ao pastor e a líderes do PSC para recuarem. De olho nos holofotes atraídos pelo deputado, o PSC já discute até lançar candidato à Presidência da República no ano que vem. Além do Rio de Janeiro, manifestantes protestaram contra o deputado em outras cidades do país, como em São Paulo, em Curitiba, em Vitória e em Belém. Na capital do Pará, as críticas foram uma reação à presença de Feliciano na cidade, onde, no sábado à noite, ele participou de um culto. Para tentar evitar o assédio, ele chegou escondido ao local do evento. O protesto se estendeu até ontem, quando um grupo ocupou uma praça e promoveu beijos entre pessoas do mesmo sexo e apitaço.

Indignação Artista, líderes religiosos e integrantes de movimentos sociais participaram da manifestação no Rio, com gritos como “Feliciano, você vai ver, a maioria não precisa de você” e “Fora, Feliciano, não me representa um deputado desumano”. “Não podemos ter como representante alguém que fala que o povo africano é amaldiçoado”, reclamou o padre Ricardo Rezende, integrante e fundador do Movimento Humanos Direitos. Além do grupo, organizaram o protesto o deputado estadual Marcelo Freixo (PSol-RJ), os deputados federais Chico Alencar (PSol-RJ)e Jean Wyllys (PSol-RJ), o Movimento Contra a Intolerância Religiosa, a Justiça Global, a Comissão de Direitos Humanos da OAB, a Comissão da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa e a Rede Fé e Política.

A atriz Luana Piovani também protestou. “Sou uma cidadã insatisfeita e fiz questão de participar dessa caminhada para mostrar como me sinto. Acho que o povo tem que se unir para mostrar a sua indignação”, disse. Na segunda-feira passada, o Rio foi palco de outra manifestação, com a presença de integrantes de setores culturais. No auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Caetano Veloso foi um dos que falaram ao público: “O direito ao respeito é a primeira coisa para nós. É o mínimo de sintoma de saúde da sociedade brasileira”.

Eleições em 16 municípios Dezesseis municípios realizaram ontem eleições para prefeito, já que os eleitos anteriormente tiveram problemas judiciais que os impediram de tomar posse em janeiro. “A aplicação da Lei da Ficha Limpa foi responsável por 90% dos casos de candidatos barrados que ensejaram uma nova eleição”, disse o secretário-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Braga. Houve votação em Pedra Branca do Amapari (AP), Muquém do São Francisco (BA), Diamantina (MG), Cachoeira Dourada (MG), São João do Paraíso (MG), Biquinhas (MG), Joaquim Távora (PR), Caiçara do Rio do Vento (RN), Serra do Mel (RN), Triunfo (RS), Fortaleza dos Valos (RS), Sobradinho (RS), Tucunduva (RS), Eldorado (SP), Coronel Macedo (SP) e Fernão (SP).