Título: Absolvido, mas morto em 2006
Autor: Mariz, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 08/04/2013, Brasil, p. 6

Passados mais de 20 anos da maior tragédia do sistema carcerário nacional, o único réu julgado por todos os 111 homicídios foi o coronel Ubiratan Guimarães, que comandou a invasão do Carandiru para controlar o motim. Ele chegou a ser condenado a 632 anos de prisão e responsabilizado por 102 das 111 mortes. Mas acabou absolvido posteriormente. Em 2006, o coronel Ubiratan foi morto com um tiro dentro do próprio apartamento.

A namorada dele, a advogada Carla Cepollina, foi apontada como autora do crime. Em novembro passado, entretanto, o tribunal do júri a absolveu por falta de provas. O Ministério Público sustentou que Cepollina atendeu um telefonema de uma delegada da Polícia Federal com quem Ubiratan tinha um caso. Enciumada, teria atirado no abdômen do coronel com a própria arma, que nunca foi encontrada.

O promotor João Carlos Calsavara classificou Cepollina como dona de um perfil “impulsivo” e disse que a acusada estava no plenário como se estivesse em um “shopping”. A ré protagonizou, de fato, cenas durante o julgamento, chegando a ser expulsa ao se manifestar durante a fala de uma testemunha de defesa, além de solicitar ao promotor que a tratasse por “doutora”. Ela se disse injustiçada pelos anos de processo.