O Estado de São Paulo, n.46315, 07/08/2020. Metrópole, p.A12

 

Dúvidas sobre teste sorológico dividem os especialistas

Paula Felix

07/08/2020

 

 

Resultados de falso positivo ou falso negativo levam a imprecisões; mas muitos acham que eles evoluíram bastante

A maior oferta do testes para o novo coronavírus trouxe dúvidas para pessoas que deparam com um resultado falso positivo ou falso negativo – situação que se evidenciou a partir da disseminação dos testes sorológicos, que podem ser encontrados em diferentes laboratórios e até em farmácias.

Parte dos especialistas considera que esse tipo de exame apresenta imprecisões, mas entidades das áreas de patologia clínica e medicina laboratorial afirmam que, atualmente, os testes evoluíram e têm mais sensibilidade e especificidade para detectar o vírus. Alertam ainda que a indicação do exame deve ser feita por um médico, assim como a leitura do resultado, e que os testes devem ser realizados de acordo com a fase da doença.

"O RT-PCR é indicado para a fase aguda da doença, de dois a cinco dias após o aparecimento dos sintomas, e no sorológico, que identifica a presença de anticorpos, no oitavo dia após o aparecimento dos sintomas. Se faz o sorológico nos primeiros dias, a chance de um falso negativo é muito alta, mas não significa que não esteja contaminado", explica Priscilla Franklin Martins, diretora executiva da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (ABramed).

O falso positivo pode ocorrer, segundo ela, por diferenças de métodos usados no primeiro exame e na contraprova, que pode acabar detectando o vírus.

Segundo Priscilla, além de procurar laboratórios de confiança para fazer o exame, as pessoas devem conversar com o médico para definir qual tipo de teste será escolhido. "As pessoas têm o hábito de ver o resultado dos exames, mas quem interpreta o resultado e define o que será feito depois é o médico."

Coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia e colunista do Estadão, Sérgio Cimerman diz que testes para verificar a imunidade ainda não são tão eficazes. "As pessoas estão com curiosidade para saber se já têm o anticorpo, se já podem se reunir, ver os pais, mas, para saber se tem imunidade, os testes são falhos. Vão chegar testes com acurácia melhor."

Em nota, a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML) informou que testes com baixa acurácia chegaram inicialmente no mercado, mas que com o passar do tempo eles evoluíram. "Esses testes melhoraram bastante ao longo dos meses de pandemia. Seu desempenho evoluiu bastante e hoje dispomos de testes sorológicos com elevada acurácia (acima de 98 % de sensibilidade e especificidade) realizados em laboratórios clínicos pelo País." Segundo a ABramed, uma força-tarefa foi realizada para validar os testes.

A Associação Brasileira de Redes de Farmácia e Drogarias (Abrafarma) diz que os testes seguem padrões internacionais e que os kits têm registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).