Título: Portas fechadas contra protestos
Autor: Caitano, Adriana; Almeida, Amanda
Fonte: Correio Braziliense, 04/04/2013, Política, p. 5

No dia em que tomou a decisão de fechar as sessões da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara, o presidente do colegiado, Marco Feliciano (PSC-SP), se tornou alvo de um novo pedido de investigação. O PSol e deputados de outros partidos entregaram à Mesa Diretora representação contra o pastor baseada em denúncias feitas pelo Correio. O deputado é acusado de quebra do decoro parlamentar ao empregar funcionário fantasma e utilizar verba da Casa para negócios particulares. For a da Sala da Comissão, os protestos continuaram e houve empurra-empurra nos corredores da Câmara (leia texto ao lado). Pelo Brasil, registram-se diferentes manifestações. Artistas e celebridades usam o beijo em público como forma de protesto.

Entre eles, Daniela Mercury, que assumiu relacionamento com Malu Verçosa, disse, em nota, que é apaixonada pela companheira e pelas liberdades individuais. "Não podemos andar para trás, como os felicianos da vida", escreveu (leia mais no Diversão & Arte).

A representação contra Feliciano é assinada por nove deputados do PSol, PT, PSB e PMDB. Além das reportagens, citadas no documento, o grupo analisou a declaração de bens, os recursos de campanha e o uso da cota parlamentar do pastor. Entre as acusações, está a de que Feliciano pagou com verba do mandato o advogado Anderson Pomini, que o defendeu durante a campanha para deputado federal. O parlamentar também é denunciado por empregar em seu gabinete o advogado que o defende em processo por estelionato no Supremo Tribunal Federal (STF). O grupo destaca que as acusações revelam "uma conduta incompatível com o decoro parlamentar, punível com a perda do mandato". Os deputados ainda apresentaram recurso para anular a eleição de Feliciano ao comando da comissão.

Ainda pesa contra o pastor representação apresentada pela deputada Iriny Lopes (PT-ES). A petista alega que, ao dizer que a Comissão de Direitos Humanos era "dominada" por "satanás", o pastor "feriu" a honra e a imagem dos colegas. As solicitações poderão ser encaminhadas à Corregedoria ou ao Conselho de Ética.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou ontem que analisará "com a maior brevidade" pedido de abertura de ação penal contra o pastor, feito por parlamentares, em reação à mesma declaração. Gurgel já havia denunciado Feliciano ao STF por frases consideradas homofóbicas e racistas.

O pastor enviou ontem à Corte a resposta a essa denúncia. Argumenta que está sendo "vítima de uma perseguição fria e calculista". Amanhã, ele ainda deve comparecer ao Supremo para depor no processo em que é acusado de estelionato.

Sessão A entrada de manifestantes foi proibida na reunião da comissão ontem e a situação deve se manter por tempo ilimitado. "Não há outro mecanismo. Não há ninguém que lamente mais do que eu, falo isso com o coração sangrando. Mas a Casa precisa trabalhar e, com base no regimento, estabeleço essas regras específicas para o bom andamento dos trabalhos", disse Feliciano. "Na semana passada, houve tumulto e pessoas acabaram se machucando", acrescentou, alegando que não tomou a decisão sozinho, já que integrantes da comissão aprovaram o requerimento e chamaram os manifestantes de "baderneiros".