Título: Alta de imóveis cai para 3%
Autor: Amorim, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 04/04/2013, Economia, p. 16

BC avalia que equilíbrio entre a oferta e a demanda colocou um freio nos aumentos e eliminou os riscos de explosão de uma bolha imobiliária. Em 2010, a correção foi de 20%

A valorização dos imóveis no Brasil desacelerou e muito nos últimos dois anos, atingindo no início de 2013 um patamar bem mais condizente com a realidade, na avaliação do Banco Central. Ao lançar o Índice de Valores de Garantia de Imóveis Residenciais Financiados (IVG-R), a autoridade monetária avaliou que o maior equilíbrio entre oferta e demanda teve como consequência o freio estrondoso na alta dos preços, eliminando rumores de uma possível bolha imobiliária no país.

O IVG-R mostra um cenário bastante semelhante ao apresentado por outros indicadores de monitoramento desse mercado. De acordo com os números divulgados ontem, a valorização dos imóveis disparou no Brasil a partir de 2005, puxada pela maior facilidade de acesso ao crédito imobiliário, pela redução nas taxas de juros e pelo aumento da renda da população. Entre meados 2009 e fim de 2010, o ciclo de crescimento alcançou o pico do período considerado, com altas anuais próximas a 20%.

Em janeiro deste ano, o IVG-R identificou variação de 3%, levando em conta a análise dos últimos 12 meses. O BC acredita que esse percentual, muito mais modesto, deve se manter ao longo de 2013. “O crescimento do valor dos imóveis se estabilizou e agora está em um nível bastante razoável”, comentou o diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, para quem o cenário atual não oferece qualquer risco ao sistema financeiro, como chegou a se cogitar no começo da desaceleração dos preços.

Equilíbrio O recente boom imobiliário, reforçou Meirelles, refletiu a abundância de crédito e também ajustes naturais em uma tabela historicamente congelada, mas alcançou o limite. “Talvez pudéssemos chegar a preços insustentáveis. Mas não foi isso que ocorreu”, ponderou o diretor, antes de frisar que o BC considera o mercado imobiliário extremamente sustentável, com “equilíbrio benigno”. “Os imóveis continuam valorizando e o crédito continua sendo demandado e ofertado”, afirmou.

A análise do Banco Central coincide com a do próprio mercado, segundo o vice-presidente da Associação Brasileira do Mercado Imobiliário (ABMI), Pedro Fernandes. Para ele, as projeções de valorização mais lenta para os próximos anos são saudáveis. “É bom para não gerar distorções”, justificou, antes de acrescentar que apesar da velocidade de venda mais baixa e do freio no preço dos imóveis, o mercado segue aquecido por uma demanda ainda significativa. “Muita gente precisa de moradia”, disse.

Fonte de informação O valor de avaliação do imóvel por uma instituição financeira no momento da concessão do crédito será a fonte primária de informação do Banco Central para a construção do novo indicador. O IVG-R terá como base operações de financiamento imobiliário para pessoas físicas em 11 regiões metropolitanas: Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.