Título: Conversa com o PR
Autor: Lyra, Paulo de Tarso; Kleber, Leandro
Fonte: Correio Braziliense, 31/03/2013, Política, p. 2

A presidente Dilma Rousseff deve reunir-se amanhã com os integrantes do PR para tentar encerrar a novela que se arrasta desde que o senador Alfredo Nascimento (AM) deixou o cargo de ministro dos Transportes, em 2011. A exemplo do que ocorre desde então, PR e Planalto não conseguem falar a mesma língua e o desfecho é incerto. Dilma havia concordado com a sugestão do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, de indicar o deputado Jaime Martins (PR-MG) para assumir a pasta. Mas a bancada do PR, inclusive a ala mineira, estrilou, reclamando que ele era ligado ao senador Clésio Andrade, que deixou o partido para filiar-se ao PMDB.

A presidente inclinou-se então pela indicação do ex-senador e vice-presidente do Banco do Brasil, César Borges, para a vaga. O nome conta com a simpatia do presidente da legenda, Alfredo Nascimento, reabilitado pelo Planalto como interlocutor após as denúncias de irregularidades envolvendo a gestão dele no Ministério dos Transportes. Dilma também sancionou, na última quinta-feira, a criação do Ministério da Micro e Pequena Empresa, que tende a ser oferecido ao PSD de Gilberto Kassab — com isso, agora são 39 pastas na Esplanada. “Analisando-se por qualquer ângulo de eficiência e comparação com países desenvolvidos, é exagerado esse número de ministérios”, criticou o cientista político Rui Tavares.

Em seu terceiro ano de mandato, Dilma tem uma base de apoio de 456 parlamentares, maior que a obtida por Lula ao longo de seus dois mandatos. O custo da máquina pública também ficou mais caro, passando de R$ 346,4 bilhões (em valores atualizados com base na inflação período), no segundo mandato de Fernando Henrique, para R$ 854 bilhões este ano.