Correio braziliense, n. 20990, 12/11/2020. Cidades, p. 20

 

Testes começam hoje no DF

Júlia Eleutério 

Michel Pires 

12/11/2020

 

 

As primeiras doses da vacina Johnson & Johnson começam a ser testadas hoje, no Distrito Federal. Ao todo, 800 voluntários participarão do estudo, que é realizado pelo Instituto L2IP e foi retomado na quarta-feira passada após autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A vacina está em sua terceira fase de ensaios, a última antes da aprovação do fármaco pelas autoridades reguladoras.

Responsável pelos testes no DF, o médico Eduardo Freire Vasconcellos, que também é diretor do Instituto L2IP, diz que o estudo "já está em inclusão de pacientes há mais de uma semana. No Brasil, voltou-se a incluir voluntários após a reaprovação da Avisa, pois houve a pausa em função de efeito adverso ocorrido nos Estados Unidos", afirma.

Os testes clínicos com o medicamento desenvolvido pela farmacêutica belga Janssen-Cilag — que integra o grupo Johnson & Johnson — foi interrompido em 12 de outubro, após um voluntário nos Estados Unidos apresentar resposta adversa grave. No entanto, com a investigação do caso, a Anvisa chegou à conclusão de que "a relação benefício e risco se mantém favorável e que o estudo poderá ser retomado", e autorizou a continuação e início dos testes no Distrito Federal em 3 de novembro.

Com a volta dos estudos, dezenas de voluntários passam por avaliações clínicas diariamente para serem selecionados aqueles que receberão as doses. Essa triagem é necessária para que cada pessoa escolhida esteja incluída em um dos quatro grupos contemplados no ensaio, que são: jovens saudáveis, idosos saudáveis, adultos portadores de doenças crônicas e idosos portadores de doenças crônicas.

O estudo conta com 7 mil voluntários no Brasil e 70 mil distribuídos em 10 países (África do Sul, Argentina, Bélgica, Brasil, Chile, Colômbia, Filipinas, Estados Unidos, México e Ucrânia). Metade dos voluntários receberá o fármaco e a outra metade, um placebo.

Vasconcelos afirmou, também, que os procedimentos transcorrem normalmente, dentro do percurso natural do estudo, e que este deverá ser concluído em fevereiro de 2021, quando a vacina será submetida à aprovação pelas autoridades sanitárias de cada país antes de sua comercialização.

423 casos e 13 mortes

O Distrito Federal registrou 423 novos casos da covid-19 nas últimas 24 horas, segundo o boletim da Diretoria de Vigilância Epidemiológica do DF divulgado ontem. Com isso, o número de pessoas infectadas subiu para 217.793, sendo que 96,3% já estão recuperadas. Além disso, foram notificadas 13 mortes em decorrência da doença, totalizando 3.788 óbitos, o equivalente a 1,7%.

As mortes ocorreram entre os dias 3 e 11 de novembro. Todas as pessoas apresentavam comorbidades, das quais 11 tinham histórico de doenças cardiovasculares.

A região administrativa com o maior número de infectados e de óbitos é a Ceilândia, com 26.632 e 689, respectivamente. Em seguida, aparece Taguatinga, com 18.025 casos e 391 mortes. No DF, a letalidade da covid-19 é de 1,8%, enquanto que a taxa de mortalidade está em 114 para cada 100 mil habitantes, conforme dados da Secretaria de Saúde.

Do total de casos registrados, a população com idade entre 30 e 49 anos apresenta o maior número de infectados pelo novo coronavírus. Porém, a maioria dos óbitos ocorre entre a faixa etária de 80 anos ou mais. De acordo com o boletim, as pessoas do sexo feminino correspondem à maioria dos que contraíram a doença, com 54,1% de casos, enquanto que as do sexo masculino representam 45,9%. Em relação ao número de óbitos, os homens representam 58,1% do total de mortes.

*Estagiários sob a supervisão de Adson Boaventura

800 voluntários
participarão dos testes no DF

7 mil
pessoas serão testadas no Brasil