O globo, n.31886, 24/11/2020. País, p. 10

 

Plataforma remove mais de 140 mil conteúdos com desinformação eleitoral

Alice Cravo 

24/11/2020

 

 

O Facebook anunciou ontem que removeu mais de 140 mil conteúdos no Brasil com desinformação sobre as eleições municipais deste ano que, segundo a rede social, “violavam a política adotada contra interferência no processo eleitoral com publicações que poderiam desencorajar eleitores de votar”. Além disso, cerca de 250 mil anúncios impulsionados sobre política e eleições foram rejeitados por não conter o rótulo “Propaganda eleitoral” ou “Pago por”, e que foram direcionados para pessoas no território nacional. O balanço é referente ao primeiro turno da disputa, que terminou no último dia 15, e também engloba o Instagram, pertencente à mesma empresa.

Desde agosto, em uma mudança em relação à regra que vigorou em 2018, o Facebook e o Instagram determinaram que tirariam do ar qualquer conteúdo impulsionado relacionado a campanhas eleitorais sem o selo que identifica este tipo de publicação como paga ou propaganda eleitoral. Na eleição anterior, a exigência era obrigatória apenas par aos candidatos. Entre as exigências, estão um documento de identificação do dono da página e um comprovante de residência nacional.

INTERFERÊNCIA NA ELEIÇÃO

De acordo com a empresa, são exemplos de conteúdos que podem interferir na condição de eleitor e/ou no censo e, por isso, ferir a política da empresa em questão: falsificação de informações (como datas, locais e horários, bem como de métodos de votação, cadastramento do eleitor ou participação no censo); declaração falsa sobre quem pode votar, requisitos para votar, contabilização dos votos e quais informações e/ou materiais são necessários para votar; declaração falsa sobre quem pode participar do censo e quais informações ou materiais devem ser fornecidos para participar.

Um levantamento feito pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (DAPPFGV) mostrou que a circulação de informações falsas sobre eleições no Facebook e no YouTube este ano foi a segunda maior entre as quatro eleições analisadas — 2014, 2016, 2018 e 2020. A campeã de nas redes sociais foi a eleição presidencial de 2018, que elegeu Jair Bolsonaro como presidente da República.

A rede social conta com um Centro de Operações para Eleições, que objetiva acelerar o tempo de resposta da empresa a conteúdos que possam representar ameaça à integridade das eleições municipais. Nele, especialistas de diversos times da empresa no país e no exterior acompanham em tempo real potenciais violações de políticas do Facebook, Instagram e WhatsApp nos dias próximos às eleições e durante os dias de votação.