O globo, n.31887, 25/11/2020. Sociedade, p. 15

 

Brasil passa de 170 mil mortes por pandemia da Covid-19

Ana Letícia Leão 

Bruno Alfano 

25/11/2020

 

 

O Brasil ultrapassou ontem a marca de 170 mil mortes por Covid-19 exibindo sinais de que a pandemia está em franca aceleração. Um novo levantamento da InfoTracker, ferramenta que monitora o avanço da doença no território nacional, aponta um crescimento da taxa de reprodução (Rt) do coronavírus no país.

Em sua última atualização, o índice, que era de 1,35 no dia 18 de novembro, subiu para 1,54 — ou seja, cada cem pessoas infectadas são capazes de contaminar 154, que contagiam 237 e assim progressivamente. O monitoramento do Imperial College de Londres aponta para a mesma direção —a taxa calculada pelo instituto para estase mana, de 1,30, é a maior desde maio.

O boletim do consórcio de imprensa, que faz a contagem dos casos e óbitos, também constatou que a média móvel de mortes de ontem foi de 491. É um crescimento de 54% em relação a 14 dias atrás. A média móvel de infecções, por sua vez, ficou em 30.350, 34% acima do que há 14 dias e a maior dos últimos 65 dias.

Desenvolvida por professores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a Info Tracker mostrou ontem que a taxa de transmissão do vírus também cresceu quando analisada separadamente em cada região do país. A situação é mais preocupante no Sul, onde o Rt, que estava em 1,86 no dia 14, atingiu 1,88.

Em seguida estão as regiões Sudeste e Nordeste, com taxas de transmissão de 1,53. Há dez dias, as taxas estavam em 1,33 e 1,31, respectivamente.

As regiões Norte e Nordeste, que tinham a pandemia em um índice considerado sob controle no dia 14, também testemunham o avanço da Covid-19. No Norte, a taxa de reprodução do coronavírus passou de 0,99 para 1,1. No Centro-Oeste, de 0,97 para 1,08.

— Infelizmente as taxas de transmissão cresceram em todas as regiões. É uma clara piora no país inteiro — alerta o cientista de dados e um dos desenvolvedores da plataforma, Wallace Casaca.

O pesquisador considera que a única forma de controlar a taxa de transmissão, fazendo com que ela volte novamente a um patamar abaixo de zero, é através do endurecimento das medidas de quarentena.

—A matemática não resolve mais. São necessárias medidas de contenção, mais do que nunca. Não só a utilização de máscaras e álcool em gel, mas medidas mais efetivas do poder público. É muito provável que tenha que reavaliar os planos de retomada da economia —avalia.

Nas últimas 24 horas, foram registrados 638 óbitos e 33.445 infectados, segundo o boletim da imprensa, totalizando 170.179 mortes e 6.121.449 de contágios desde o começo da pandemia.