O globo, n.31887, 25/11/2020. Economia, p. 33

 

China reage a provocação de Eduardo Bolsonaro

Eliane Oliveira 

25/11/2020

 

 

A embaixada da China apresentou ontem uma reclamação formal ao governo brasileiro contra uma publicação do presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Em mais uma briga com Pequim, o deputado, que é filho do presidente Jair Bolsonaro, acusou o Partido Comunista Chinês de espionagem, ao falar sobre a adesão do Brasil à chamada Clean Network (Rede Limpa), articulada pelos Estados Unidos junto a outros países e cujo objetivo é banir a Huawei dos serviços de tecnologia 5G.

“Na contracorrente da opinião pública brasileira, o deputado Eduardo Bolsonaro e algumas personalidades têm produzido uma série de declarações infames que, além de desrespeitarem os fatos da cooperação sino-brasileira e do mútuo benefício que ela propicia, solapam a atmosfera amistosa entre os dois países e prejudicam a imagem do Brasil”, diz a nota divulgada pela embaixada. “Instamos essas personalidades a deixar de seguir a retórica da extrema direita norte-americana, cessar as desinformações e calúnias sobre a China e a amizade sino-brasileira, e evitar ir longe demais no caminho equivocado, tendo em vista os interesses de ambos os povo se a tendência geralda parceria bilateral. Caso contrário, vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil”.

Conforme antecipou o colunista Lauro Jardim, do GLOBO, Eduardo apagou uma postagem em seu perfil no Twitter sobre a tecnologia 5G em que falava de “espionagem da China”. O tuíte foi publicado na noite de segunda-feira e apagado na tarde de ontem, logo após uma reunião de Jair Bolsonaro com Fabio Faria e conselheiros da Anatel, justamente sobre o 5G.