Os vídeos gravados por Bolsonaro para os candidatos de cidades menores têm algumas características em comum. Os três candidatos enfrentam adversários de esquerda (dois do PT e um do PSB). E duas delas foram feitas ao lado de parlamentares aliados —e para candidatos que terminaram na liderança no primeiro turno.

Ontem, o deputado Vitor Hugo (PSL-GO) compartilhou um vídeo de Bolsonaro pedindo voto para Roberto Naves (PP), de Anápolis, que enfrenta Antônio Gomide (PT). No primeiro turno, Roberto Naves teve 46,64% dos votos válidos.

— Eu quero nesse momento pedir seu voto para prefeito para o Naves. Porque nós sabemos quem é que está do outro lado, qual o partido que está do outro lado. E do nosso aqui nós temos o progresso, o desenvolvimento, o respeito à família. Então, com toda a certeza, com o Naves na prefeitura esse nosso relacionamento cada vez ficará melhor para o bem de todos — diz o presidente.

Anteontem, o senador Márcio Bittar (MDB-AC) divulgou um vídeo do apoio do presidente a Tião Bocalom (PP), candidato em Rio Branco. Bocalom quase venceu a disputa no primeiro turno (teve 49,58% dos votos) e é o favorito para vencer agora, com 65% das intenções de voto, de acordo com pesquisa do Ibope.

— Olá, prezado Bocarom. Estou com Bittar do meu lado. Nesse segundo turno, estamos juntos. Boa sorte —diz o presidente na gravação.

Discurso semelhante foi utilizado no vídeo em apoio a Capitão Nelson (Avante), que disputa a prefeitura de São Gonçalo (RJ) com Dimas Gadelha (PT). O presidente disse que o “outro lado”, o PT, “dispensa comentários”.

Ontem, na sua live semanal, o único candidato mencionado foi o prefeito do Rio. Ele também citou a disputa em São Paulo entre Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL), mas apenas para reclamar do tucano ter dito que não votou nele.

Na semana passada, o presidente declarou apoio a Delegado Eguchi (Patriota), que enfrenta Edmilson Rodrigues (PSOL) em Belém (PA) apenas com um comentário no Facebook. E em conversa com apoiadores defendeu o voto em Capitão Wagner (Pros), em Fortaleza (CE), candidato que recebeu seu apoio desde o primeiro turno, mas se diz “independente”.

No primeiro turno, Bolsonaro fez lives pedindo votos. A maioria, contudo, não se elegeu. Por isso agora optou por maior discrição. Crivella chegou a viajar para Brasília, na semana passada, para pedir para o presidente participar de eventos de rua com ele. Bolsonaro negou e ainda recusou-se a gravar novo vídeo de apoio.