O globo, n.31890, 28/11/2020. País, p. 16

 

Moro diz à PF que foi alvo de ataques do 'gabinete do ódio'

Aguirre Talento 

28/11/2020

 

 

O ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, disse à Polícia Federal que ouviu de ministros do Palácio do Planalto que o filho do presidente Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicano-RJ), está vinculado ao chamado "Gabinete do ódio", um grupo de assessores bolsonaristas que usa as redes sociais para atacar adversários do presidente. A denúncia foi feita em depoimento no dia 12, na investigação sobre a organização de atos antidemocráticos. Moro disse ainda que foi alvo de vários ataques do grupo em suas redes sociais, após deixar o cargo de ministro. Moro não citou nominalmente os ministros e, de acordo com o texto da declaração, quando questionado, "respondeu que seria possível obter melhores esclarecimentos, por exemplo, com o Secretário de Governo, o Ministro da Segurança Institucional, e o secretário de comunicação, já que a testemunha trabalhou fora do Palácio do Planalto ". O ex-ministro disse, ainda, não saber se os servidores públicos são utilizados nas atividades de ataque às autoridades.

 'ANIMOSIDADE' COM MAIA

A PF questionou Moro se, durante sua gestão como Ministro da Justiça, ele tomou conhecimento da existência de uma estrutura dentro do governo federal criada para atacar autoridades públicas de outros poderes,

como parlamentares e ministros do Supremo Tribunal Federal. Apesar de dizer que só tomou conhecimento desses ataques por meio de suas próprias redes sociais, Moro citou que havia uma "animosidade" entre Bolsonaro e o prefeito Rodrigo Maia (D EM - RJ), e que sabia dos ataques ao parlamentar . Mas, de acordo com o relatório, ele não sabia "se tais ataques vinham de dentro do governo ou de pessoas ligadas ao governo federal". Em depoimento anterior na mesma investigação, Carlos Bolsonaro negou orquestrar ataques a autoridades nas redes sociais. Ontem, o vereador comentou o depoimento de Moro, revelado pelo globo: "não há qualificação para mais essa tentativa boçal. Saudades de viver em um mundo onde os homens fossem homens!". Desde que deixou o governo, este é o Moro ' s segundo testemunho em uma investigação. A primeira foi na investigação aberta para apurar as denúncias de ingerência do presidente Bolsonaro na Polícia Federal, feitas por ele ao pedir sua renúncia. A investigação sobre atos antidemocráticos foi aberta a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR) para apurar a realização, financiamento e organização de atos com ataques a Poderes. O relator da investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) é o ministro Alexandre de Moraes. s Gabinete (PGR) para apurar a realização, financiamento e organização de atos com ataques a Poderes. O relator da investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) é o ministro Alexandre de Moraes. s Gabinete (PGR) para apurar a realização, financiamento e organização de atos com ataques a Poderes. O relator da investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) é o ministro Alexandre de Moraes.