Na reta final da campanha, João Campos (PSB), de 27 anos, eleito com 56,27% dos votos válidos, derrotando Marília Arraes (PT), sua prima, que teve 43,73%, estava sempre com o mesmo uniforme: camiseta branca, calça e tênis. Com paciência, enfrentou a maratona de reuniões, caminhadas, carreatas e almoços escutando eleitores sobre qualquer assunto. Ao responder, postava se com fala pausada e enfática.

Com pessoas de qualquer classe social, sempre sacava um número associado a uma promessa de governo. Às vezes, vinha à cabeça uma frase de seu pai, o ex-governador Eduardo Campos, ou de Miguel Arraes, seu bisavô.

Diante de todos os públicos, os gestos de Campos, o mais jovem prefeito eleito de uma capital brasileira, são calculados. Numa das disputas mais acirradas da história do Recife, coube ao sociólogo argentino Diego Brandy moldar a imagem do candidato, que seguiu fielmente a estratégia: atacar o PT como partido corrupto sempre que possível.

Deputado federal mais votado por Pernambuco em 2018, João Campos iniciava seu mandato em Brasília jácoma disputa para a prefeitura do Recife no horizonte. Era o início de um trabalho pragmático: reunir 12 partidos de diferentes inclinações ideológicas em uma única chapa.

Para descrever o aliado, Carlos Lupi, presidente do PDT, lembra frase de Leonel Brizola: “Filho de onça já nasce pintado. Quem já está no ramo da políticas abe enfrentar apolítica”. Sem experiência na Câmara, mas de olho na próxima eleição, o parlamentar construiu pouco apouco as condiçõespara ser alçado candidato.

Coma ajudada máquina governista em seu estado, teve o aval de aliados. Só não conseguiu barrara candidatura da prima, Marília Arraes, pelo PT. Incentivada pelo ex-presidente Lula, Marília foi adversária direta pela mesma fatia do eleitorado.

Em 2020, apresentou-se ao eleitorado como o “prefeito da nova geração”, o jovem que mira o “futuro”, além de ser um entusiasta de uma “sociedade digital”.