O globo, n.31892, 30/11/2020. País, p. 20

 

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Bernardo Mello 

Rafael Galdo 

30/11/2020

 

 

O embarque do presidente Jair Bolsonaro na campanha eleitoral, com vídeos em defesa de candidaturas e uma programação de lives no Facebook, não se traduziu em vitórias expressivas: apenas um dos 25 prefeitos eleitos em capitais contou com o apoio expresso do chefe do Poder Executivo. Em uma eleição marcada pela vitória da chamada política tradicional, o vencedor solitário, Tião Bocalom (PP), escolhido em Rio Branco, tem uma longa trajetória — comandou, por dois mandatos, a prefeitura de Acrelândia, no interior do estado, e perdeu três vezes disputas ao governo do Acre.

Bolsonaro apoiou três outros candidatos no segundo turno que acabaram derrotados: Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio; Capitão Wagner (Pros), em Fortaleza (CE); e Delegado Eguchi (Patriota), em Belém (PA). Na primeira e tapada eleição, a associaçãoa ono medop residente também não rendeu frutos a Celso Russo manno(Re publicanos ), que chegou a liderara corrida em São Paulo, mas terminou em quarto lugar. Como O GLOBO mostrou na quinta feira, a aprovação aB olson aro caiu ou oscilou para baixo em 23 das 26 capitais ao longo da campanha, segundo o Ibope —o instituto chegou afazer levantamento sem Macapá, onde a eleição foi adiada em função das e quência de apagões de energia.

VITÓRIAS DE ÚLTIMA HORA

Nos três municípios onde o preferido de Bolsonaro foi derrotado no segundo turno, os vitoriosos têm, em comum, estrada no mundo político: Eduardo Paes (DEM) é ex-prefeito e vai para o terceiro mandato no Rio; José Sarto (PDT) deixará o mandato de deputado estadual —é o atual presidente da Assembleia Legislativa do Ceará —para assumir a prefeitura de Fortaleza; Edmilson Rodrigues (PSOL), hoje deputado federal, voltará a administrar Belém.

Se nas capitais o desempenho de Bolsonaro foi fraco, dois apoios de última hora no segundo turno fizeram com que o presidente saísse da reta final da disputa com outras vitórias a comemorar: em Anápolis (GO) e São Gonçalo, na Região Metropolitana .

Dos 13 prefeitos que buscaram a reeleição, seis já tinham vencido no primeiro turno, como Alexandre Kalil (PSD), em Belo Horizonte, e outros quatro conquistaram a vitória ontem: Bruno Covas (PSDB), em São Paulo; Edvaldo Nogueira (PDT), em Aracaju; Emanuel Pinheiro (MDB), em Cuiabá; e Hildon Chaves (PSDB), em Porto Velho. Nenhum dos 25 eleitos nas capitais era candidato pela primeira vez.

O outsider que chegou mais perto da vitória foi Nilvan Ferreira (MDB), radialista, que perdeu em João Pessoa para o experiente Cícero Lucena (PSDB), que já foi prefeito e governador. Outro novato bem cotado, Alfredo Gaspar (MDB), que tinha o respaldo da família Calheiros, foi derrotado pelo deputado federal João

Apenas 12% dos municípios do país serão comandados por mulheres Henrique Caldas (PSB).

A eleição consagrou personagens conhecidos nos cenários regionais. Assim como Cícero Lucena na capital paraibana, Maguito Vilela (MDB), em Goiânia, é outro prefeito eleito que já foi governador do estado. Diagnosticado com coronavírus durante a campanha, ele está internado em uma UTI em São Paulo e entubado desde o dia 15. O MDB, inclusive, foi o partido que conquistou mais capitais, cinco, seguido por DEM e PSD B, cada um com quatro— o PT, por sua vez, não vai administrar nenhuma.

Já o novo prefeito de Vitória (ES), Delegado Pazolini (Republicanos) é um dos menos experientes. Ele está em seu primeiro mandato de deputado estadual e bateu o exprefeito João Coser (PT). Outro que tem pouco tempo de mandato é João Campos (PSB), que, aos 26 anos, venceu a prima Marília Arraes (PT) no Recife (PE).

Entre as capitais, apenas Palmas será administrada por um amu lher — Cinth ia Ribeiro( PSD B) foi eleita no primeiro turno. Levando-se em consideração o país todo, apenasse tedas 53 mulheres que concorreram no segundo turno saíram vitoriosas, em um total de 658 cidades que serão comandadas por mulheres, ou 12% dos municípios do país.