Correio braziliense, n. 20994, 16/11/2020. Política, p. 4

 

Rio: Paes e Crivella no segundo turno

Rosana Hessel 

16/11/2020

 

 

O segundo turno das eleições para a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro será disputado pelo ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) e o atual, Marcelo Crivella (Republicanos). Após a apuração de 100% das urnas, às 23h41, os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontaram Paes na liderança, com 37,01% dos votos válidos, totalizando 974.804. Crivella, com 21,90% da preferência, obteve 576.825 votos.

Na terceira colocação, com 11,30%, ficou a Delegada Martha Rocha (PDT) e, em quarto lugar, a petista Benedita da Silva, com 11,27% da preferência do eleitorado carioca. Os votos brancos somaram 7,36% e os nulos, 11,70% do total.

Tarcísio Motta (PSOL) foi o vereador mais votado, com 86.243 votos. Carlos Bolsonaro (Republicanos), com 71 mil votos, ficou na segunda posição. O ex-prefeito Cesar Maia (DEM), pai do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, foi o quarto vereador mais votado, com 55.031 votos. Em quinto lugar, Chico Alencar (PSOL), com 49.422, vai compor bancada com Monica Benicio (PSOL), viúva da ex-vereadora Marielle Franco, que teve a 11ª maior votação.

Apesar de ter mais de 60% de rejeição e quase ter sido afastado por um processo de impeachment, Crivella acabou beneficiando-se da fragmentação dos votos entre os partidos de esquerda que ficaram divididos entre a petista Benedita da Silva e a delegada Martha Rocha. Juntas, elas tiveram mais votos do que o prefeito apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido): 594.598.
De acordo com o cientista político André Rosa, Crivella conseguiu ir para o segundo turno, especialmente, por estar no governo e, portanto, "ter a máquina pública ao seu lado". "Tradicionalmente, quem está no poder acaba conseguindo se reeleger", destacou ele, durante live realizada pelo Correio nas redes sociais acompanhando a apuração dos votos das eleições municipais.

Rejeição

Crivella era considerado adversário ideal por Paes devido à forte rejeição dos cariocas ao pastor evangélico, devendo facilitar a vida do ex-prefeito, que poderá garantir um importante colégio eleitoral para o DEM. Ao votar, ontem, pela manhã, o democrata pediu aos eleitores que não permitam que "pessoas despreparadas ou farsantes governem a cidade". "Hoje é o momento em que a população vem soberana para as urnas e decide quem vai ser o futuro prefeito da cidade", disse.
Já o atual prefeito aproveitou o momento do voto para agradecer o apoio de Bolsonaro, mas afirmou que o presidente está "mal informado" ao afirmar que Paes foi um "bom gestor". "O apoio que o presidente me deu já foi muito grande. Ele entrou no primeiro turno, quando ia só para o segundo. O presidente teve uma coragem gigantesca, fico imensamente grato", disse Crivella a jornalistas, após votar em uma escola no bairro da Tijuca (Zona Oeste do Rio). Mais tarde, ao comparecer ao comitê de campanha em Jacarepaguá (Zona Oeste) para acompanhar a apuração, contou que pretende reverter a rejeição. "Tenho certeza de que os números que temos vão mudar. Minha rejeição é de gestão, não é pessoal. Quando os eleitores souberem tudo o que fizemos, isso pode ser revertido", afirmou.

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Viúva de Marielle é eleita no Rio 

16/11/2020

 

 

Viúva de Marielle Franco, Monica Benicio (PSol) foi eleita vereadora do Rio de Janeiro. Ela recebeu 22.919 votos — o 11º melhor resultado na corrida da Câmara Municipal da capital fluminense —, após uma campanha marcada por homenagens à parlamentar assassinada em 2018, mas, também, pela defesa dos direitos humanos. Arquiteta, ela ainda milita pelo “direito à cidade” e promete reapresentar algumas das ideias de Marielle no mandato. “A Câmara Municipal terá uma vereadora assumidamente lésbica! Agradeço imensamente às mais de 22 mil pessoas que votaram por um futuro mandato feminista e antifascista”, comemorou.