Correio braziliense, n. 20994, 16/11/2020. Cidades, p. 15

 

Pleito tranquilo no entorno

Mariana Machado 

Renata Rusky

Samara Schwingel

Thaís Umbelino

16/11/2020

 

 

O Distrito Federal não tem eleições municipais, mas, bem perto, no Entorno, mais de 920 mil pessoas foram às urnas escolher prefeitos e vereadores para a gestão que terá início em 1º de janeiro de 2021. A Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride/DF) é composta por 33 municípios, dos quais 29 estão no estado de Goiás e quatro, em Minas Gerais.

Segundo o presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE/GO), Leandro Crispim, essas foram as eleições mais tranquilas na história do estado, com "apenas sete prisões". Uma delas aconteceu em Águas Lindas de Goiás, onde a Polícia Militar prendeu, em flagrante, um motorista de ônibus que levava eleitores para os locais de votação, o que configura crime eleitoral. Em 2016, ano do último pleito municipal, 41 pessoas foram presas em Goiás.

Ainda segundo o TRE/GO, do total de 12.921 urnas, 0,39% precisou ser substituída. Em geral, os eleitores não enfrentaram grandes filas para conseguir votar. A pandemia da covid-19 trouxe algumas mudanças no processo. Na entrada de cada zona, funcionários disponibilizavam álcool em gel para higienização das mãos. O mesmo era feito na entrada e na saída de cada sala, antes e depois de usar a urna eletrônica.

Moradora do Novo Gama (GO), Verônica Ferreira, 40 anos, acredita que as medidas sanitárias não foram plenamente adotadas pela população. "Os próprios eleitores não respeitam a questão do distanciamento, apesar das tentativas dos fiscais de manter a ordem", relata.

Sujeira ilegal

Mais uma vez, centenas de santinhos — os tradicionais folhetos com foto e número de candidatos — ficaram espalhados pelas ruas. Calçadas em frente aos colégios eleitorais estavam tomadas pelos papéis, que costumam ser jogados durante a madrugada, como explica o guarda municipal de Águas Lindas (GO) Edinei Lúcio. "Os candidatos devem ser notificados", afirma.

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), constitui crime qualquer ato de propaganda no dia da eleição. A pena pode ser de detenção de seis meses a um ano (com alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período), além de multa de R$ 5 mil a R$ 15 mil.

Em coletiva de imprensa, o diretor-geral do Tribunal Regional de Goiás, Wilson Gamboge, disse que "o desejo era prender todos" que cometeram crimes eleitorais. As ocorrências foram encaminhadas para procedimentos judiciais. Para ele, a prática de espalhar santinhos, além de criminosa, é anti-higiênica, em especial neste momento em que se fala tanto na segurança sanitária e em deveres ambientais.

Em Santo Antônio do Descoberto (GO), a sujeira atrapalhou, inclusive, a locomoção de eleitores. O cadeirante Francisco Assis, 68 anos, se incomodou mais com a poluição do que com a falta de acessibilidade. "Eu tive dificuldade para entrar. Sozinho, não teria conseguido. Esses papeizinhos são uma falta de respeito", reclama.