Correio braziliense, n. 20996, 18/11/2020. Mundo, p. 12

 

Sagasti assume a Presidência do Peru

18/11/2020

 

 

O centrista Francisco Sagasti assumiu, ontem, a chefia de Estado do Peru — o terceiro a ocupar o cargo de presidente em oito dias de crise política. "Juro pelo país e por todos os peruanos que ocuparei o cargo de presidente", declarou, em plenário do Congresso, o engenheiro de 76 anos, que governará até 28 de julho de 2021.

Em seguida, ele discursou e pediu "perdão em nome do Estado" às famílias dos dois manifestantes assassinados no sábado, aparentemente pelas mãos da polícia, durante protestos contra o seu efêmero antecessor na presidência, Manuel Merino. "Não podemos trazer esses jovens de volta à vida", disse o novo presidente sobre Inti Sotelo, 24, e Jack Pintado, 22, cujos pais estiveram presentes na sessão do Congresso.

Pluralismo

Merino, que renunciou no domingo, enfrentou manifestações em massa em seus cinco dias no poder, depois que o Congresso removeu o popular Martín Vizcarra sob acusação de corrupção, em 9 de novembro. Sagasti garantiu que seu governo não será partidário, mas "plural". O seu sucessor deverá ser escolhido pelos peruanos nas eleições gerais de 11 de abril de 2021. Sagasti prometeu que o pleito será realizado "sem contratempos" e transcorrerá de forma "absolutamente limpa".

Ele também prometeu fazer o possível "para reduzir os contágios da pandemia da covid-19, mas sem afetar a economia". O país encontra-se em recessão, depois de um confinamento nacional obrigatório de mais de 100 dias.

O cientista político peruano Augusto Álvarez Rodrich afirmou à agência France-Presse (AFP) que a eleição de Sagasti "ajuda a construir um momento de estabilidade política e econômica, tem boas perspectivas". A crise foi desatada em 9 de novembro pelo próprio Congresso, quando destituiu, em um julgamento político relâmpago, Martín Vizcarra (centro-direita), acusado de corrupção quando foi governador, em 2014. No dia seguinte, Merino, então presidente do Congresso e também de centro-direita, assumiu o comando do país. Milhares de cidadãos indignados, principalmente jovens, saíram às ruas e protestaram contra o que classificaram de "golpe de Estado". A bancada do centrista Partido Morado, de Sagasti, foi a única a votar em bloco contra a destituição de Vizcarra.