O Estado de São Paulo, n.46329, 21/08/2020. Política, p.A4

 

PGR apura pagamento de R$ 9 mi da JBS a Wassef

Breno Pires

21/08/2020

 

 

Advogado se reuniu com subprocurador-geral para tentar discutir acordo de leniência do grupo empresarial

O procurador-geral da República, Augusto Aras, determinou a apuração de informações sobre pagamentos do grupo J&F a Frederick Wassef, advogado que defendeu o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Documentos recebidos pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro apontam pagamento de R$ 9 milhões da JBS, empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista, entre 2015 e 2019. As informações foram reveladas pela revista Crusoé.

Aras vai solicitar ao MP do Rio acesso a essas informações. "Eventual irregularidade poderá reforçar os indícios de omissão nos acordos de colaboração premiada dos executivos da companhia", informou a PGR.

No segundo semestre do ano passado, Wassef compareceu à PGR para uma reunião com o então coordenador dos processos relacionados à Lava Jato, o subprocurador-geral da República José Adonis Callou. A intenção era discutir o acordo de leniência do grupo empresarial, que havia sido rescindido. Callou disse ao Estadão que a conversa foi rápida, pois o advogado não tinha procuração para o caso. "Ele disse que apresentaria, mas não retornou. A conversa foi somente essa."

"Dentro das minhas competências como advogado, não atuei junto à PGR em nome da JBS no final de 2019 conforme noticiado", afirmou Wassef em nota. A PGR disse que Aras não participou de contatos que trataram de eventual proposta de repactuação do acordo da JBS com envolvimento de Wassef.

A JBS informou que "o escritório de advocacia mencionado não representa nem se manifesta em nome da companhia junto à PGR". "Os serviços prestados pelo escritório tiveram como finalidade atuação em inquéritos na esfera policial e esses serviços foram prestados e pagos mediante emissão de notas fiscais, sendo a última referente ao ano de 2019. Os valores e detalhes do contrato são protegidos por sigilo legal."