Título: Irmão de Saddam é capturado
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Fonte: Jornal do Brasil, 28/02/2005, Internacional, p. A8
Chefe da Inteligência do ex-ditador foi preso com a ajuda da Síria. Governo do Líbano proíbe manifestações da oposição
BAGDÁ - Com a ajuda da Síria, forças de segurança no Iraque capturaram ontem o meio-irmão do ex-ditador Saddam Hussein, Sabawi Ibrahim al Hassan al Tikrit. Ele era chefe do poderoso serviço de inteligência do Iraque e uma das personalidades do antigo regime mais procuradas pelos Estados Unidos.
- As autoridades sírias, devido à tremenda pressão que pesava sobre elas, disseram algo sobre Ibrahim - confirmou um alto funcionário do governo, sob a condição de anonimato. - Com tantos problemas no momento, os sírios foram parceiros nisto. Mas os americanos e nós mesmos também estivemos envolvidos.
A nota oficial, que informou sobre a prisão, afirmou que ''o preso participou de maneira ativa no planejamento, supervisão e execução de muitos atos terroristas no interior do Iraque''.
No entanto, o ministério do Interior, Hussein Ali Kamel, se recusou a divulgar detalhes da captura. Não se sabe se o meio-irmão de Saddam, suspeito de financiar a insurgência, foi detido por tropas americanas ou iraquianas.
Atualmente no turbilhão de tensões no Oriente Médio, Damasco recebeu apoio do governo do Líbano, pró-sírio. O ministério do Interior proibiu os protestos da oposição, marcados para hoje, que incluem passeata em Beirute e greve geral de um dia. Em comunicado, afirmou que pretende ''preservar a segurança e a ordem''.
No entanto, o principal líder da oposição libanesa, Walid Jumblatt, garantiu que mantém o protesto contra o governo apoiado por Damasco e pela morte do ex-primeiro-ministro Rafik Hariri, em um atentado no dia 14, atribuído à Síria. Ontem à noite, a multidão já se reunia no centro da capital.
- Vamos em frente. Eles não podem evitar que sigamos pacificamente, democraticamente e pagando tributos a Hariri, no dia em que o Parlamento planeja perguntar quem o matou - afirmou Jumblatt.
Foram os deputados da oposição que convocaram a greve geral, marcada para coincidir com a uma sessão parlamentar especial na qual vai se discutir o assassinato do ex-premiê. Já avisaram também que não vão dar um voto de confiança durante a sessão, pois querem que chefes de segurança sejam depostos e levados a julgamento.
Pressionados, teriam apresentado renúncia à noite o ministro da Energia, Maurice Sehnaoui, o ministro da Economia e Comércio, Adnane Kassar, e o ministro de Estado para o Desenvolvimento Administrativo, Ibrahim Daher, segundo a deputada opositora Nayla Moawwad. Daher, no entanto, negou sua saída.