Título: Novos desafios do ensino superior no Brasil ::
Autor: Almeida Junior, Mario Veiga de
Fonte: Jornal do Brasil, 15/09/2008, Opinião, p. A10

REITOR DA UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

Presente em todos os níveis do debate público, educação é a palavra de ordem para sustentar o crescimento socioeconômico do Brasil. De todos os nossos problemas estruturais, o investimento no ensino é apontado como prioritário nos discursos de políticos, governantes, imprensa, artistas e de educadores, onde estou incluído. Tivemos grandes avanços, principalmente, na expansão do ensino superior, mas ainda há muito para ser feito. No ensino público, ainda nos deparamos com a má qualidade da educação básica e com o risco de formarmos uma geração massificada de incompetências para concorrer em um mundo cada vez mais globalizado.

Nos últimos anos, o aumento do número de egressos do ensino médio e de profissionais que voltam às universidades em busca de mais qualificação alavancou os índices de matrículas no ensino superior em nosso país. Outro fator que contribuiu foi a regulamentação do MEC, em 1996, dos cursos seqüenciais de formação específica, permitidos pela Lei de Diretrizes e Bases, que posteriormente foram substituídos pelos cursos de graduação tecnológica. Estes cursos, com cerca de dois anos de duração, capacitam profissionais de forma rápida e eficiente para os setores produtivos em função de seu conteúdo didático específico e aplicado.

O alto nível de exigência do mercado de trabalho é uma tendência da economia moderna e um grande desafio para os profissionais, cuja atualização deve ser constante. Não à toa, a educação continuada tornou-se uma realidade. Neste cenário, cabe ao ensino superior brasileiro a tarefa de formar recursos humanos qualificados e suficientes para atender às demandas do nosso crescimento econômico.

Uma iniciativa louvável de inclusão no ensino superior é o Prouni, mas, como política pública isolada, não resolve. É preciso apoiar o aluno na universidade e assegurar sua capacitação, para que ele possa concorrer a uma vaga no acirrado mercado de trabalho. Por outro lado, assistimos à classe média ser excluída dessas novas políticas públicas, sobretudo, agora, com as novas regras do Fies. Não seria uma contradição políticas de inclusão e excludentes?

Os mecanismos de financiamento do governo federal são desestimulantes e excludentes. Se houvesse a possibilidade de financiar os estudos com juros mais baixos, um financiamento pelo BNDES, talvez, os alunos não ficassem tão preocupados em descobrir qual universidade cabe dentro do seu orçamento mensal e pudessem escolher a instituição de ensino por sua identificação com a filosofia e a qualidade do estabelecimento.

A vocação de algumas universidades privadas é o desenvolvimento de pesquisas aplicadas e o compromisso com a formação de recursos humanos para atuarem no mercado de trabalho. Estamos alinhados com o crescimento do país, identificando áreas que possuem carências de profissionais e oportunidade de desenvolvimento.

Independentemente da implementação de novas políticas para o ensino superior no Brasil, o nosso grande desafio ainda é melhorar a educação básica. Precisamos formar, desde já, cidadãos capazes de fazer boas escolhas para decidirem o futuro de suas vidas e do nosso país.