Título: Estamos tranqüilos, mas atentos, diz Lula
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Fonte: Jornal do Brasil, 17/09/2008, Tema do Dia, p. A2
Em meio à turbulência, presidente alfineta Bush.
A crise no mercado financeiro americano e seus reflexos no Brasil levaram o presidente Lula a tentar tranqüilizar os mercados, destacando a solidez brasileira perante o atual turbulência internacional.
Lula destacou que fatores como as reservas cambiais de US$ 205 bilhões permitem ao Brasil encarar a crise com maior tranqüilidade, mas admitiu que ainda é impossível calcular a dimensão dos problemas no mercado dos Estados Unidos e os efeitos na economia mundial.
¿ Estamos tranqüilos neste momento. Tranqüilos, mas atentos ¿ destaca o presidente.
Caso a crise chegue ao país, para Lula o impacto será quase "imperceptível".
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que na segunda-feira foi o porta-voz do governo na tentativa de acalmar o mercado interno, está em viagem. O BC anunciou ontem à noite que Meirelles, estará em Nova York nos dias 17 e 18 de setembro, onde participa de reuniões no Federal Reserve (Fed, o BC norte-americano) e com investidores para avaliar a conjuntura econômica internacional.
Na segunda-feira, na sede do BC na capital paulista, Meirelles afastou a hipótese de contaminação da economia brasileira pela crise americana. Elementos desse posicionamento estavam presentes nas declarações de ontem do presidente Lula.
Ao comentar a turbulência, Lula recorreu ao humor e disse que era "preciso perguntar ao presidente Bush" para saber sobre a crise americana. Mas em seguida, o tom foi o de acalmar ânimos do mercado. ¿ Graças a Deus o sistema financeiro brasileiro não estava metido no subprime. Até agora não há sinais disso ¿ comemora Lula.
Com parcimônia e crítica em sua avaliação, o presidente afirmou que ninguém tem clareza da dimensão da crise.
¿ Significa que o cassino imobiliário era muito maior do que a gente podia imaginar ¿ completa. O presidente destacou a expansão da demanda doméstica como um importante instrumento de blindagem frente à crise internacional. ¿ O que está puxando a economia é o forte crescimento do mercado interno ¿ afirma.
Ao comentar possíveis investimentos noruegueses no Brasil, Lula ressaltou a conquista da confiança dos investidores no país. Segundo ele, o investidor estrangeiro busca "definições claras do que vai acontecer a cada dia", o que o Brasil oferece ao mercado internacional.
¿ Essa demonstração de confiança da Noruega é muito importante ¿ diz.
Lula disse que o Brasil diminuiu fortemente a dependência dos Estados Unidos na composição da balança comercial. Ou seja, uma retração do consumo americano teria hoje impacto muito menor do que há duas décadas.