Correio braziliense, n. 21003, 25/11/2020. Brasil, p. 5

 

Covid: 100 brasileiros infectam outros 130

Bruna Lima 

25/11/2020

 

 

No dia em que o Brasil ultrapassou a marca de 170 mil mortes pela covid-19, o levantamento do Imperial College de Londres revelou que a taxa de transmissão (Rt) da covid-19 no Brasil é a maior registrada desde maio, quando o país iniciava a fase mais dramática de crescimento da curva de casos e mortes pelo vírus. O índice está em 1,30, ou seja, cada 100 doentes têm capacidade de infectar outras 130 pessoas saudáveis.

O aumento da taxa deixa o país entre os 20 piores em relação ao contágio no mundo. O índice de transmissão é um dos indicadores que ajudam no controle da epidemia, mas, para se manter baixo, precisa estar alinhado com outros elementos, como números de novos casos e óbitos, taxa de ocupação de leitos, e dados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag).

Aliado ao aumento, o país enfrenta um incremento de casos e mortes no fechamento das últimas duas semanas epidemiológicas, com números que não apareciam desde setembro. Ontem, foram acrescentados mais 31.100 casos e 630 mortes ao balanço nacional. Com isso, já são 6.118.708 infecções e 170.115 perdas desde o início da pandemia.

No Brasil, das 27 unidades da Federação, 24 registram números acima de mil mortos pelo novo coronavírus. São Paulo (41.455) e Rio de Janeiro (22.141) são os dois estados com mais de 20 mil óbitos cada.

Mas, mesmo diante dos aumentos, o Ministério da Saúde afirmou, na última coletiva de imprensa, na semana passada, não ser possível avaliar se o Brasil vive, de fato, uma nova escalada de infecções ou se trata de dados represados. "Devido a instabilidade no sistema nas últimas duas semanas decorrente de ataque de hacker, nós não temos uma base de dados consistente para fazer uma afirmação se houve ou não um acréscimo na quantidade de casos, internações e de óbitos", declarou, na ocasião, o secretário-executivo, Élcio Franco.