Correio braziliense, n. 21004, 26/11/2020. Economia, p. 9

 

Caixa: PDV tem adesão de 2,3 mil funcionários

Marina Barbosa 

26/11/2020

 

 

Cada vez mais focada nos serviços digitais, a Caixa Econômica Federal pretende reduzir as despesas com pessoal e patrimônio em R$ 980 milhões por ano. Para isso, deve entregar 100 prédios nos próximos dois meses e desligar 2,3 mil funcionários que se inscreveram no último Plano de Demissão Voluntária (PDV) do banco.

O saldo do PDV, que foi lançado no início deste mês com o objetivo de atingir até 7,2 mil colaboradores que estão perto da aposentadoria, ou gostariam de deixar o banco, foi apresentado, ontem, pelo presidente da Caixa, Pedro Guimarães. "Lançamos o PDV e 2,3 mil aderiram. "Dá uma economia recorrente da ordem de R$ 580 milhões por ano", informou.

Apesar de aquém do esperado pelo banco, o volume de adesões preocupou a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae). A entidade explica que 17 mil bancários já saíram da Caixa desde 2014. Com isso, o quadro de pessoal caiu de 101,5 mil para 84 mil funcionários, e o número de contas por empregado subiu de 693 para 1.519.

"A Fenae está preocupada com a saída dos trabalhadores sem uma indicação da Caixa de que irá contratar mais trabalhadores. Sem contratações, as condições de trabalho dos empregados só vão piorar", disse o presidente da Fenae, Sergio Takemoto. Ele teme que "a falta de trabalhadores pode vir a prejudicar o atendimento à população neste momento de pandemia".

Imóveis
A Caixa também projeta uma economia anual de R$ 400 milhões com patrimônio a partir de 2021. A ideia é entregar 100 dos 178 imóveis que não são próprios ou alugados pela Caixa atualmente. "E essa devolução será nos próximos dois meses", ressaltou Guimarães, lembrando que a instituição já devolveu outros 50 imóveis. "Esses dois movimentos geram uma economia, uma redução de despesas, de pessoal e outras administrativas, de R$ 980 milhões por ano", destacou.

Segundo o balanço do banco, as despesas administrativas e de pessoal subiram a R$ 8,4 bilhões no terceiro trimestre deste ano. A cifra foi apontada, inclusive, como uma das responsáveis pelo resultado no período, quando o banco contabilizou um lucro líquido ajustado de R$ 2,6 bilhões.

A cifra é 67,1% menor do que a registrada no mesmo período do ano passado, mas aponta um crescimento de 1,7% em relação ao segundo trimestre, que foi o mais atingido pela pandemia de covid-19 no Brasil.

Guimarães explicou que, nos últimos meses, a Caixa teve um "desembolso maior" por conta do pagamento do auxílio emergencial, que exigiu a abertura das agências em fins de semana e o pagamento de horas extras para quase 37 mil bancários.

A pandemia também exigiu um aumento das provisões e reduziu a margem financeira do banco, apesar de as receitas com serviços já apresentarem um sinal de recuperação em relação ao segundo trimestre, graças ao aumento dos financiamentos imobiliários, do crédito consignado e dos empréstimos às empresas, bem como das vendas de seguros.

Para o presidente da Caixa, "o resultado foi consistente e forte, demonstra uma melhora do ponto de vista operacional muito relevante e uma redução do nível de provisionamento". Ele também frisou que a "rentabilidade está absolutamente coerente com o banco da matemática e com o banco social".

Ao Correio, o executivo assegurou que a Caixa não vai fechar agências nos municípios em que é o único banco com atendimento presencial. De acordo com ele, podem ser feitos ajustes na rede de atendimento apenas onde o banco tem muitas agências. A instituição ainda avalia a possibilidade de abrir pontos "objetivos" de atendimento em locais em que a população só conta com o apoio financeiro das lotéricas.