Título: Quando a prática fica longe das promessas
Autor: Thurler, Fernanda
Fonte: Jornal do Brasil, 18/09/2008, Eleições Municipais, p. A4

Meia passagem não foi combinada com as empresas

"Em tempo de guerra, boato é como terra. Falam muito em ano de eleição". É assim que o candidato Marcelo Crivella (PRB) costuma se defender das críticas dos adversários políticos. Mas parece que o senador está usando do mesmo artifício de seus oponentes: falando demais. Em seus discursos de campanha e materiais de propaganda eleitoral, o senador dá como certa a implementação do projeto Tarifa Social ¿ que prevê a redução pela metade da passagem de ônibus nos fins de semana. Tal convicção é proferida, no entanto, sem qualquer contato prévio com as empresas concessionárias, revelou o vice-presidente da Rio Ônibus, Octacílio Monteiro.

¿ Ainda não discutimos com nenhum candidato as propostas para a melhoria do sistema de transporte ¿ revelou. ¿ Temos que ver a viabilidade, a possibilidade de implementação e, para isso, é necessário que se faça um estudo mais aprofundado. O cálculo da tarifa é feito pelo próprio poder concedente. Não sei se vai haver subsídio do poder público.

Aumento de passageiros

O programa de governo disponível no site o candidato explica como o projeto pode beneficiar tantos os passageiros quanto as empresas de ônibus. "Durante a semana, o trabalhador usa seu vale-transporte, mas se for usá-lo nos fins-de-semana, acaba gastando mais com transporte. Essa situação é injusta, porque o trabalhador também tem direito ao lazer com sua família. E as empresas de ônibus podem se beneficiar com a Tarifa Social, porque vão ter mais passageiros nos fins de semana".

¿ Em troca, vamos concretizar um antigo pedido das empresas de ônibus: construir um corredor exclusivo na Av. Brasil ¿ complementou Crivella.

Octacílio disse que não tem como calcular se a propostas vai gerar prejuízos às empresas, mas confirmou que a faixa exclusiva é uma demanda antiga dos empresários:

¿ Hoje, 80% transporte é feito em ônibus. Com canaletas exclusivas, aumentaria a velocidade atual de 15 km/h para 30 km/h. Diminuiria o tempo de viagem, melhoraria a qualidade do ar e a vida da população. Temos tecnologia e equipamentos para isso, falta vontade política.

Os ônibus transportam cerca de 65 milhões de passageiros por mês, de segunda a sexta-feira. Mas, nos fins de semana, segundo a Rio Ônibus, o número cai sensivelmente, e as empresas ¿ por decreto municipal ¿ foram autorizadas a acompanhar o quantitativo de passageiros. Aos sábados, a frota é reduzida pela metade e, nos domingos e feriados, as empresas retiram das ruas 60% dos carros.

¿ O empresário não vai operar com prejuízo. O serviço tem que remunerar os custos ¿ frisou o vice-presidente da Rio Ônibus.