Título: Número 2 é solto e acusa delegado da PF: Canalhice
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Fonte: Jornal do Brasil, 18/09/2008, País, p. A12
BRASÍLIA
Solto no início da madrugada de ontem depois de amargar pouco mais de 15 horas de prisão, o diretor executivo afastado da Polícia Federal, Romero Menezes, revelou, ontem, em declarações prestadas no inquérito em que é alvo, que a origem de seu inferno astral é resultado de "canalhice" e "despreparo" da própria PF no Amapá. Segundo afirmou, as denúncias surgiram depois que ele ¿ como responsável pela análise das operações ¿ se opôs ao pedido de prisão temporária do empresário Eike Batista, dono do Grupo EBX durante a Operação Toque de Midas, deflagrada em julho deste ano e que acabou resultando apenas no cumprimento de vários mandados de busca para apurar suposta fraude em licitação na disputa pela concessão de uma estrada de ferro no Estado.
¿ É canalhice de um delegado mal informado e de um procurador precipitado ¿ afirmou Menezes, que respondeu ao delegado Gesivaldo Gomes 40 perguntas em torno das questões em que é apontado como suspeito de vazar informações e beneficiar um irmão com negócios junto à MMX, a empresa de Batista no Amapá.
O diretor afastado atribuiu a confusão ao superintendente da PF no Amapá, Anderson Rui Fontel, com quem entrou em conflito por este ter descumprido a sugestão de não dar à Toque de Midas um caráter de grande operação.
Menezes explicou nas declarações que desautorizou a operação como queria Fontel, os delegados e o procurador, porque não havia provas que sustentassem nem um pedido de busca, muito menos a prisão do empresário. Argumentou que a corporação já enfrentava o desgaste da Operação Satiagraha e que para botar na cadeia um personagem como Eike Batista, que certamente estava cercado dos melhores advogados, era necessário indícios ou provas que não haviam nas peças de investigação a ele mostradas. O delegado tinha razão. Mais tarde, soube-se que o defensor do dono do Grupo EBX era o criminalista Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça.
Menezes negou que tenha praticado qualquer ato ilegal, desafiou seus colegas, o procurador Douglas Santos Araújo e o juiz federal a apontar qualquer prova contra ele e anunciou que, depois de provar sua inocência, voltará ao cargo e pedirá sua aposentadoria.