Título: Medidas de Brasília não animam empresários
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Fonte: Jornal do Brasil, 18/09/2008, Economia, p. A18

Aumentar o volume de recursos federais disponíveis não será suficiente para resolver o possível impacto no setor produtivo nacional gerado pela redução da oferta de crédito no mercado internacional. A posição da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) é uma resposta às declarações do ministro da Economia, Guido Mantega. O setor defende o corte nos gastos correntes do governo e o aumento das poupanças do Executivo e empresarial. A Federação do Comércio de São Paulo (Fecomercio) prevê restrições no crédito ao consumidor a partir de 2009.

¿ O BNDES não consegue nos blindar das conseqüências da crise internacional. Certamente haverá redução da oferta do crédito internacional e ainda mais dificuldades para a industria nacional ¿ diz Luciana de Sá, diretora da Firjan.

A entidade aponta que as restrições ao crédito já eram sentidas pelos empresários antes do anúncio da quebra do banco americano Lehman Brothers, em julho. Segundo Almeida ainda não é possível avaliar o volume retirado dos balcões nas últimas semanas.

¿ Além da pressão dos preços já contratados, é pouco coerente a política monetária restritiva e este anúncio de possíveis aumentos nos gastos públicos para linhas de crédito ¿ diz Júlio Gomes de Almeida. ¿ É importante aumentar a capacidade própria do país de financiar o seu desenvolvimento com as poupanças empresarial e do governo.

Segundo ele, o governo também deveria incentivar a poupança de instituições como fundos privados de aposentadoria e pensões.

¿ A escassez de recursos não deve chegar ao Brasil até o fim deste ano. A partir daí, devem acontecer ajustes naturais, como limitação dos prazos de crédito. Nada de carros em 100 meses e a entrada zero vai passar a ser 20% ¿ diz Fábio Piná, assessor econômico da Fecomercio.