Título: Bolsas em queda em todo o mundo
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Fonte: Jornal do Brasil, 18/09/2008, Economia, p. A18

Socorro do Fed não acalma mercados e Bovespa lidera perdas nos negócios com ações.

Diferente do imaginado, o socorro do Federal Reserve à seguradora AIG e a liberação de US$ 375 bilhões na véspera para ajuda a instituições financeiras não acalmaram os ânimos diante da crise financeira americana, levando os mercados, incluindo a Bolsa de Valores de São Paulo, a outro dia de perdas maciças.

Uma onda de desesperadas negociações entre instituições financeiras invadiu Wall Street ontem, quando as ações atingiram mínimas em três anos em meio a novos sinais sobre a fragilidade do setor.

Num instante, o pacote de salvamento da AIG anunciado na terça-feira à noite pelo Fed, que parecia dar algum alívio ao mercado, foi substituído por rumores sobre a saúde financeira de outros colossos financeiros, como o banco Morgan Stanley e a agência hipotecária britânica HBOS.

O resultado foi uma chuva de ordens de venda contra papéis de empresas financeiras no mundo todo. Em Wall Street, o índice Dow Jones uma perda de 4,06%, arrastando-o ao menor nível desde novembro de 2005. Na Europa, a Bolsa de Londres caiu 5,61%. O pregão em Amsterdã fechou com perda de 3,8% e o índice de ações da Bolsa de Frankfurt baixou 1,75%

Depois do fechamento do pregão, fontes informaram que o controle da HBOS teria sido assumido pelo banco Lloyds. Ao mesmo tempo, segundo o New York Times, o Morgan Stanley estudaria uma fusão com o Wachovia

O Washington Mutual, maior banco de poupança do país, colocou-se à venda, segundo fontes, confirmando uma notícia do New York Times. Potenciais interessados incluiriam Citigroup, JPMorgan, Wells Fargo e HSBC.

Já a concessora de hipotecas britânica HBOS chegou a acordo em ações com o Lloyds TSB para criar uma gigante de US$ 50 bilhões.

¿ Parem a insanidade ¿ pediu um relatório do UBS quando as ações financeiras estavam em queda livre. Os papéis do Morgan Stanley caíram 43%, e os do Goldman 27%, mesmo após ambos divulgarem resultados trimestrais acima do esperado, na terça-feira.

Isso levantou comentários de que os dois principais bancos de investimentos dos Estados Unidos que ainda restam podem ter que se juntar a um banco comercial para sobreviverem à turbulência.

O Ibovespa tombou 6,74 %, aos 45.908 pontos, nível mais baixo desde abril do ano passado. A volatilidade intensa mais uma vez contribuiu para dar vulto ao giro financeiro, que chegou aos R$ 7,46 bilhões, o maior em sessões regulares desde 30 de julho.

Para profissionais do mercado, devido à rapidez e intensidade dos acontecimentos, os investidores seguiram de olhos fechados a qualquer indicativo fundamentalista como parâmetro para as negociações.

Mesmo à distância, o movimento foi acompanhado na Bovespa, cujo principal índice registrou queda de todas as 66 ações que compõem a carteira. Desde que atingiu a máxima de 73.516 pontos em 20 de maio, o Ibovespa já amarga desvalorização de 37,6%.

As ações de empresas ligadas a commodities, as de maior liquidez, pagaram o preço de serem a porta mais larga para saída dos investidores. Usiminas caiu 9,8%, a R$ 37,99. Vale perdeu 7,7 %, valendo 32,20 reais. Mais atrás, Petrobras recuou 4,8%, a 29,80 reais.

Para profissionais do mercado, embora os fundamentos macroeconômicos e os das empresas domésticas permaneçam sólidos, a Bovespa vem sofrendo por tabela o desmonte da exposição de grandes investidores internacionais a outros mercados emergentes.

Dólar

O dólar teve ontem a maior alta diária em mais de um ano, seguindo o cenário global pessimista, apesar da divulgação de dados do Banco Central mostrando que o fluxo cambial no país foi positivo no início do mês. A moeda subiu 2,58%, a R$ 1,867, maior patamar de fechamento desde 24 de setembro do ano passado. Na máxima do dia, o dólar atingiu R$ 1,889, subindo 3,79%.