Correio braziliense, n. 21006, 28/11/2020. Política, p. 4

 

Bolsonaro: 3 Armas são "oxigênio do país"

Ingrid Soares 

28/11/2020

 

 

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, ontem, que as Forças Armadas são o "oxigênio do país" e criticou governos anteriores, apontando que representavam "outra coisa" para os presidentes passados. A crítica foi durante cerimônia de promoção à graduação de sargentos da Escola de Especialistas de Aeronáutica em Guaratinguetá, em São Paulo.

"Tenho a certeza de que, há poucos anos, as Forças Armadas representavam outra coisa para quem estava no governo. Hoje, é exatamente o contrário. Vocês são o nosso oxigênio. A vocês também devemos lealdade e reconhecimento, por isso estou aqui", disse.

Bolsonaro se disse ainda emocionado em acompanhar o evento. Contou ter passado pela mesma escola, em 1972, e que é um exemplo de que é possível atingir "qualquer objetivo". O presidente relatou que a carreira é árdua e que "muitas vezes não há prazer", mas que a satisfação em cumprir uma missão "não tem preço".

Ele repetiu que a bandeira brasileira "jamais terá outra cor" –– um bordão usado por seus apoiadores, que relacionavam a cor vermelha aos partidos de esquerda, sobretudo o PT.

Por conta das centenas de formandos, houve aglomeração quando foi permitido que parentes se aproximassem para cumprimentá-los. O presidente também desceu do palanque e tirou fotos com os presentes sem máscara de proteção contra a covid-19 –– que, na live de quinta-feira, criticou e considerou como sendo o "último tabu a ser derrubado".

"Resposta errada"
Mais cedo, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que considerou "diplomaticamente errada" a resposta dada pela Embaixada da China ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) –– que, mais uma vez, criticou o governo de Pequim por, supostamente, espionar países por meio da internet, num momento em que o Brasil se prepara para decidir sobre a tecnologia 5G. O general defendeu que a representação deveria ter se manifestado via Itamaraty e não também por meio de redes sociais "porque aí vira um carnaval".

"Eu acho que, diplomaticamente, está errado. É a segunda vez que o embaixador chinês reage dessa forma. Dentro das convenções da diplomacia, o camarada, se sentindo incomodado com qualquer coisa que tenha ocorrido no país, escreve uma carta para o ministro de Relações Exteriores ou vai ao Itamaraty e apresenta suas ponderações. E não via rede social, porque aí vira um carnaval", salientou.

No começo da semana, a Embaixada chinesa publicou uma dura nota criticando Eduardo Bolsonaro e dizendo que as personalidades brasileiras devem "deixar de seguir a retórica da extrema direita norte-americana, cessar as desinformações e calúnias sobre a China e evitar ir longe demais no caminho equivocado".

Perguntado por jornalistas se o filho 03 do presidente teria recebido alguma orientação para "amenizar" as críticas, Mourão disse achar que o deputado recebeu "alguma recomendação" nesse sentido, pois, no mesmo dia, apagou o ataque.