Título: Laudo da PF confirma: malas não podem captar conversas
Autor: Carneiro, Luiz Orlando
Fonte: Jornal do Brasil, 19/09/2008, País, p. A13

BRASÍLIA

O desdobramento da crise do grampo, que resultou no afastamento temporário do diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, afeta o ministro da Defesa, Nelson Jobim. Laudo do Instituto Nacional de Criminalística (INC) da Polícia Federal, divulgado ontem, sustenta que os equipamentos em poder da agência não estão adaptados para fazer grampos, o que praticamente isenta a Abin de, institucionalmente, estar envolvida com a escuta da conversação telefônica entre o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Foi Jobim quem sugeriu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depois de mostrar uma lista de parafernálias eletrônicas supostamente aptas ao monitoramento, que Lacerda fosse afastado.

O episódio provocou um princípio de bate-boca entre Jobim e o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Felix. O general defendeu Lacerda e sustentou que a Abin não fazia e nem tinha equipamentos para grampo, mas foi voto vencido. Procurado ontem, o ministro informou, por meio de sua assessoria, que o laudo da Polícia Federal não diz respeito ao Ministério da Defesa.

Lacerda reagiu ontem com tranquilidade. Disse que as investigações vêm confirmando o que tem declarado e insiste: quer que as investigações apontem origem e autoria do grampo. Garante que não houve ilegalidade na parceria e acha que bater nessa declaração é fazer zigue-zague sobre a denúncia que envolvia a agência em espionagem ilegal.