O globo, n.31893, 01/12/2020. Sociedade, p. 14

 

Moderna solicita uso de vacina nos EUA e na Europa

01/12/2020

 

 

A fórmula da Moderna deverá ser a segunda vacina da Covid-19 regulamentada nos EUA. Na última semana, a concorrente Pfizer solicitou a autorização do uso de sua vacina, com eficácia de 95%, no país.

— Acreditamos que desenvolvemos uma vacina que é altamente eficaz. Agora temos os números que comprovam isso — disse o chefe da seção médica da Moderna, Tal Zaks. — Nossa expectativa é desempenhar um papel importante da companhia na superação desta pandemia.

Os números definitivos dos ensaios clínicos indicam uma eficácia ligeiramente abaixo da taxa anunciada no último dia 16, de 94,5%. Zaks afirma que a diferença é estatisticamente irrelevante e relatou ainda ter ficado emocionado ao ver o resultado de eficácia de 94,1%:

— Foi a primeira vez que eu me permiti chorar. Nesse nível de eficácia, quando você faz as contas do que significa para a pandemia que está nos devastando, é algo retumbante.

De 196 voluntários no teste da Moderna que contraíram Covid-19 no estudo com mais de 30 mil pessoas, 185 haviam recebido um placebo e 11 a vacina. A empresa relatou 30 casos graves, todos no grupo de placebo, o que significa que a vacina foi 100% eficiente na prevenção de casos graves. O teste incluiu uma morte relacionada à Covid-19 no grupo de placebo.

A Moderna firmou acordo com a Covax Facility, iniciativa liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e dedicada a acelerar o desenvolvimento de vacinas e a universalizar as doses dos imunizantes. O Brasil, signatário do acordo, poderá receber doses da vacina caso sua eficácia e segurança sejam comprovadas.

A distribuição do imunizante deve ser mais fácil do que a da vacina da Pfizer porque, embora precise ser armazenada em um congelador, não exige as temperaturas ultrafrias necessárias para a vacina da Pfizer.

Há previsão de que conselheiros independentes da Food and Drug Administration (FDA), a agência reguladora de saúde nos EUA, se reúnam no dia 17para discutir os números da vacina e formalizar uma recomendação oficial pela adoção ou não do uso emergencial. Uma semana antes, a equipe avaliará os mesmos dados da Pfizer, que solicitou o uso emergencial na semana passada.

A taxa de eficácia da Moderna e da Pfizer superaram por uma larga margem a efetividade mínima de 50% estipulada pela FDA. No continente europeu, a tramitação se dará na Agência de Medicamentos Europeia, que já começou a revisar os dados. A Moderna informou que mantém contato com outras reguladoras que já começaram a analisar os dados.

Também ontem, a Rússia anunciou que começou a vacinar a população com a Sputnik V, que foi registrada no país em setembro a despeito dos ensaios clínicos ainda não terem sido concluídos. O país entregou o primeiro lote conhecido do imunizante a um hospital de Moscou. O Hospital Central de Domodedovo informou que a imunização começou na semana passada.