Título: Rio tem mais de 700 famílias remanescentes de quilombos
Autor: Talarico, Bruna; Sáles, Felipe
Fonte: Jornal do Brasil, 20/09/2008, Tema do Dia, p. A2

O Estado do Rio tem 14 co- munidades remanescentes de quilombos, onde vivem 770 famílias, mas engana-se quem pensa que a luta dos descendentes de escravos se encerrou após a Princesa Isabel assinar a Lei Áurea. Hoje, ao invés de liberdade, a luta é pela manutenção do local onde os ancestrais dos quilombolas derramaram o próprio sangue em busca da liberdade. Diante desse quadro, o Governo Federal viu-se obrigado a criar a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, cujo principal objetivo é garantir os direitos das comunidades tradicionais sem deixar de considerar outros interesses do Estado. Além de garantir a titularidade das terras, o governo ainda tem a responsabilidade de levar serviços públicos contribuir para o desenvolvimento sustentável das comunidades. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária contratou a Fundação Euclides da Cunha para elaborar relatórios antropológicos de oito comunidades que ainda não tiveram as terras legalizadas junto à União e brigam com fazendeiros vizinhos pelo direito à terra. As comunidades são: Rasa, em Búzios; Machadinha, em Quissamã; Alto da Serra, em Rio Claro; Gleba Aleluia-Cambucá-Batatal, em Campos dos Goytacazes; Sobara, em Araruama; Cabral, em Paraty; e Sacopã e Pedra do Sal, na capital.

Cultura mantida

Em Quissamã, descendentes de escravos ainda vivem nas 47 senzalas da Fazenda Machadinha. A única comunidade quilombola que mantém o jongo ­ dança tradicional dos negros africanos ­ é o Quilombo São José da Serra, em Valença, no Sul Fluminense.