O globo, n.31894, 02/12/2020. Economia, p. 24

 

Total de desempregados no país aumenta 36% em seis meses

02/12/2020

 

 

O número de desempregados do país deu um salto de 36% em seis meses e atingiu 13,8 milhões de pessoas em outubro, segundo dados da Pnad Covid, divulgada ontem pelo IBGE. Em maio, quando teve início a pesquisa, eram 10,1 milhões.

Com isso, a taxa de desemprego ficou em 14,1% em outubro, a maior da série da pesquisa. Em maio, era 10,7%.

As mulheres e os pretos e pardos são os que mais sofrem com o desemprego. Segundo a pesquisa, a taxa de desocupação foi de 17,1% entre as mulheres, contra 11,7% dos homens. Já no caso dos pretos e pardos, a taxa é de 16,2%. Dos brancos, 11,5%,

—Os mais atingidos entre a população desocupada continuam a ser os mas vulneráveis — afirma a coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira.

Entre os fatores que contribuem para a alta do desemprego está a flexibilização do isolamento social. Isso porque, na metodologia do IBGE, é considerado desempregado quem procura trabalho e não encontra. Com o fim do isolamento, muitas pessoas voltaram a procurar vaga.

— O aumento por busca de trabalho é um movimento natural nesse segundo semestre. A questão é: quando a economia vai bem, essa mão de obra é absorvida. O que vemos é que aumenta a procura, mas o mercado não absorve, o que eleva esta taxa total de desocupação —explica Maria Lúcia.

SOBRA MÃO DE OBRA

Mesmo o mercado não conseguindo absorver toda a mão de obra disponível, o total de ocupados aumentou para 84,1 milhões, 1,2 milhão a mais do que setembro, mas ainda abaixo do registrado em maio,84,4 milhões.

A informalidade atingiu 34,5% em outubro, ou 29 milhões de trabalhadores.

Segundo o pesquisador Sandro Sacchet, do Ipea, isso acontece porque a recuperação do mercado de trabalho é mais lenta do que no restante da economia.

—As duas taxas, de desocupação e de ocupação, aumentaram porque há mais pessoas procurando emprego. Só que algumas conseguiram ser contratadas, outras ainda não. Isso vai aumentar com o fim do auxílio emergencial— analisa Sacchet.

Para o economista da LCA Consultores, Bruno Imaizumi, a alta na ocupação em outubro foi influenciada pelo setor de serviços, porque a reabertura de locais públicos fez aumentar o número de pessoas circulando e a demanda por mão de obra.

Ele chama a atenção para as regiões Norte e Nordeste, com os piores índices de desemprego. Das 27 unidades da federação, 13 estados tiveram desemprego acima da média nacional. O maior foi no Maranhão (19,9%).

—A qualidade do emprego no Norte e Nordeste já é muito ruim, historicamente, mas na pandemia está pior. A alta informalidade afeta, assim como a falta de vagas e o fato de ter mais pessoas procurando emprego para compor a renda depois que o auxílio emergencial caiu à metade.

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Em cinco anos, estado do Rio perde 741 mil vagas com carteira

Letycia Cardoso 

02/12/2020

 

 

O Estado do Rio perdeu 741.479 empregos com carteira assinada entre dezembro de 2015 e outubro de 2020, o que representa uma redução de 19,3% do total de vagas formais. O levantamento foi feito pelo professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretor fiscal da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Mauro Osório, com base em dados do Ministério da Economia.

A redução das oportunidades de trabalho no Rio foi maior do que em São Paulo: no mesmo período, o estado vizinho perdeu 629.413 vagas com carteira. No país, o total de postos fechados no período foi de 1.923.899, o equivalente a 4,7% dos empregos formais.

Apenas em 2020, ano da pandemia, foram perdidos, até outubro, no Estado do Rio, 166.108 empregos com carteira assinada contra 171.139 em todo o Brasil. Isso porque os demais estados tiveram uma leve recuperação de vagas: foram criados 394.999 empregos no país este ano, enquanto apenas 16.271 no Rio.

Segundo Osório, desde os anos 70, o Riotema economia que menos cresce em comparação com outros estados.

—Falta uma reflexão regional. Muita gente acha que o turismo é a nossa principal atividade econômica, mas uma cidade de seis milhões de habitantes não pode viver só disso. É preciso pensar um sistema positivo de atividades que possa alavancar a saída.