O globo, n.31896, 04/12/2020. País, p. 10

 

Metade dos prefeitos eleitos teve doação de empresários

Pedro Capetti 

04/12/2020

 

 

Levantamento feito pelo GLOBO com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e da Receita Federal mostra que metade dos prefeitos eleitos nas 94 cidades do país com mais de 200 mil eleitores receberam doações de sócios de empresas como pessoas físicas. Atualmente, a legislação eleitoral permite a doação privada para campanhas por pessoas físicas, e não por empresas. Além disso, grande parte das candidaturas são bancadas com os fundos partidário e eleitoral.

O levantamento considera aquelas candidaturas que tiveram ao menos 10% dos recursos vindos de sócios de empresas. Ao todo, foram R$ 29,3 milhões. O segmento mais presente no financiamento é o serviços financeiros, que doou R$ 14,65 milhões. Em seguida, figuram empresas do ramo imobiliário (R$ 14,6 milhões), da construção civil (R$ 13 milhões) e o comércio varejista (R$ 9,4 milhões).

Desde 2015, a legislação eleitoral proíbe as contribuições diretas às campanhas por parte das empresas. Com isso, sócios começaram a fazer aportes utilizando o CPF, e não o CNPJ da empresa. Pelas regras, qualquer pessoa física pode fazer doações pessoais, desde que estas não ultrapassem 10% do rendimento bruto declarado pelo doador no ano anterior da eleição.

Em Jundiaí, Luiz Fernando Machado (PSDB) recebeu 99,5% dos R$ 751 mil que arrecadou na campanha de empresários; o maior percentual entre as grandes cidades. Ele optou por não usar o fundo eleitoral.

Em São Paulo, 20% do valor arrecadado para campanha de Bruno Covas foram repassados por empresários, sobretudo do ramo imobiliário e de construção civil.

O mesmo ocorrerá na Porto Alegre de Sebastião Melo (MDB). Segundo o TSE, 75% das doações privadas ao prefeito eleitos foram dos ramos de construção e atividades imobiliárias.

No topo da lista dos principais doadores está José Isaac Peres, dono dos shoppings Multiplan, com R$ 410 mil. Em seguida aparece Rubens Ometto, do Grupo Cosan, com R$ 400 mil. Depois vem José Vilmar Ferreira, do Grupo Aço Cearense, com R$ 300 mil.