O globo, n.31896, 04/12/2020. Mundo, p. 31

 

EUA batem recorde de mortes na pandemia

04/12/2020

 

 

País mais afetado pela pandemia da Covid-19 em números absolutos, com 13,9 milhões de casos e 274 mil mortes, os Estados Unidos registraram seu recorde de óbitos pelo coronavírus em 24 horas na quarta-feira: 3.157, segundo a Universidade Johns Hopkins. Anteriormente, o maior número de óbitos em um dia havia ocorrido em 15 de abril, quando 2.607 pessoas morreram. No mesmo dia, foi informado que o número de pessoas hospitalizadas com o novo coronavírus no país era de mais de 100 mil, segundo o Projeto de Rastreamento da Covid, do jornal New York Times. Diante dessa situação, o presidente eleito Joe Biden disse que vai pedir aos americanos que usem máscara nos 100 primeiros dias de seu governo.

A quantidade de pessoas internadas com Covid-19 é quase o dobro do registrado no primeiro pico da pandemia. Segundo especialistas, a situação pode se agravar ainda mais.

—Se você me disser que as hospitalizações aumentaram esta semana, eu direi que daqui a algumas semanas as mortes vão aumentar — disse Jeremy Fayst, médico do Brigham and Women’s Hospital, em Boston.

MEDIDAS SIMPLES AJUDAM

Em relação a novos casos, foram 200.070 na quarta-feira, com a marca de 200 mil sendo excedida pela segunda vez, segundo a Johns Hopkins.

Robert Redfield, chefe do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), disse que o inverno pode ser devastador, com a possibilidade de, em fevereiro, 450 mil americanos terem perdido a vida.

— Eu realmente acredito que vai ser o período mais difícil na história da saúde pública desta nação —disse ele.

Mas mesmo com estimativas ruins, Redfield tem um pouco de esperança. E a fórmula para esse cenário ser suavizado requer medidas simples, como o uso de máscara.

—Não é um fato consumado (a previsão de mortes)— afirmou o chefe do CDC. — Não estamos sem defesa. A verdade é que a mitigação funciona. Mas não vai funcionar se apenas metade de nós fizermos o que precisa ser feito. Provavelmente nem se três quartos de nós fizermos.

Comparando com o pico em abril, quando as mortes estavam concentradas em Nova Yorke na Costa Leste, desta vez os óbitos estão espalhados por todo o país.

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, disse que analisa a imposição de um confinamento parcial em todas as regiões doestado, exceto naáreade São Francisco, apartir do fim de semana. O critério para o acionamento da medida —que implicaria o fechamento de bares e salões de beleza, e a limitação da capacidade das lojas a 20% —será a redução dos leitos de UTI disponíveis para 15% ou menos.

— Se não agirmos agora, os hospitais não aguentarão.

FERIADO VAI PIORAR SITUAÇÃO

O pico de mortes em abril foi seguido de um declínio por causa das quarentenas em diversos estados. Agora, no entanto, especialistas apontam que o número de mortes deve aumentar, ainda mais com os efeitos das viagens por causa do feriado de Ação de Graças, na semana passada.

A coordenadora da força tarefa do coronavírus na Casa Branca, Deborah Birx, pediu aos cidadãos que tiverem viajado recentemente que se comportem como se tivessem contraído o vírus:

—Se você tem menos de 40 anos, tem que presumir que foi infectado durante o feriado de Ação de Graças, caso tenha se reunido fora de sua casa. Muito provavelmente, você não vai ter sintomas. No entanto, é um perigo para outros.

Embora haja uma explosão de casos, com as novas infecções chegando a um milhão em uma semana, uma proporção muito menor de pessoas está morrendo por causa da Covid-19. Dados do CDC mostram que a taxa era de 6,7% em abril e, agora, é de 1,9%.

Ontem, Biden, que assume em 20 de janeiro e tem dito que o combate à pandemia será sua prioridade, reuniu-se virtualmente com o principal epidemiologista dos EUA, Anthony Fauci, che fedo Instituto de Epidemiologia e Doenças Infecciosas, e o convidou a permanecer no cargo e assessorar o novo governo no combate à Covid-19. Em entrevista conjunta à CNN com sua vice, Kamal a Harris, o presidente eleito disseque pedirá à população do país que use máscara.

—Apenas 100 dias usando máscara, não para sempre. Cem dias. E acho que veremos uma redução significativa [do número de contágios] — disse Biden ao apresentador Jake Tapper.

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Número alto de óbitos faz Suécia apertar restrições 

04/12/2020

 

 

Desde o começo da pandemia, a Suécia estampou manchetes internacionais por não decretar quarentena contra o coronavírus, apostando em medidas voluntárias para garantir o distanciamento social. No entanto, uma vez que as mortes por causa do vírus continuam altas, a situação mudou, e medidas progressivas de isolamento têm sido decretadas.

Ontem, o primeiro-ministro Stefan Lofven anunciou que as escolas de ensino médio terão aulas à distância durante o resto do ano, no mais recente passo atrás do chamado “modelo sueco” pelo governo que o criou.

A ordem aconteceu no mesmo dia em que a Suécia registrou 35 novas mortes relacionadas à Covid-19, totalizando 7.007 no país de 10,2 milhões de habitantes. O índice de mortalidade (677 óbitos por milhão) é menor do que o de vários países europeus que optaram por interrupções gerais de suas atividades, como Itália (946/milhão), Reino Unido (891/milhão) e França (776/milhão), mas muito pior do que os de outros países nórdicos, cujo sistemas sociais e de saúde são parecidos com o sueco.

A média de mortes por causa do coronavírus na Suécia, de acordo com os dados mais recentes disponíveis, está em 55 óbitos por dia, em comparação com 7,1 na Dinamarca, 5 na Noruega e 2,9 na Finlândia.

PROIBIÇÕES NOTURNAS

O total de vítimas fatais no país supera em muito o de todas as outras nações nórdicas juntas, que têm uma população 60% maior que a sueca. Em termos de casos, a Suécia tem em média 48,9 novos casos confirmados por 100 mil habitantes, em comparação com 21,7 na Dinamarca, 8,2 na Noruega e 7,7 na Finlândia.

Para combater o vírus, Lofven já anunciara há três semanas o que classificou de as medidas mais intrusivas “nos tempos modernos”, quando proibiu reuniões de mais de oito pessoas. Era uma reversão da orientação que até então limitava reuniões presenciais a entre 50 e 300 participantes a depender do tipo de evento. No domingo depois de limitar os encontros, Lofven fez o quarto pronunciamento televisionado de um premier sueco na História, e pediu à população para “cancelar, suspender e adiar ” encontros não essenciais.

— Esta é a nova norma para toda a sociedade — disse ele. — Não vá a academias, não vá a bibliotecas, não faça jantares. Cancele.

No começo do mês, o premier também impôs restrições a estabelecimentos noturnos pela primeira vez, proibindo a venda de álcool depois das 22h e decretando que bares e restaurantes precisavam fechar até 22h30.