Título: Lula chega a 77,7% de popularidade
Autor: Bruno, Raphael
Fonte: Jornal do Brasil, 23/09/2008, País, p. A13
Mesmo assim, Serra lidera com folga a sucessão em 2010. Dilma continua com um dígito.
A avaliação positiva do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva bateu mais um recorde histórico e atingiu a marca dos 68,8%, revelou pesquisa CNT/Sensus divulgada ontem em Brasília. A aprovação do desempenho pessoal do presidente também foi a maior de toda a série histórica do instituto, alcançando 77,7%. Mesmo com toda a popularidade de Lula, no entanto, nas sondagens de intenção de voto para a Presidência em 2010, é o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), da oposição, quem desponta como grande favorito em todos os cenários em que tem seu nome incluído entre os que podem disputar a sucessão de Lula.
Desde 1998, quando a CNT/Sensus começou a divulgar a pesquisa de opinião pública nacional, um presidente da República não atingia tamanha popularidade. Em relação a abril, mês em que a rodada passada do levantamento havia sido realizada, a aprovação do governo subiu 11,3 pontos percentuais, de 57,5% para os atuais 68,8%. No mesmo período, a aprovação pessoal do presidente saltou de 69,3% para 77,7%.
Crise cambial
A popularidade de Lula é ainda mais impressionante quando comparada com as taxas do segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). No final do primeiro ano de seu segundo mandato, em setembro e outubro de 1999, ainda amargando os impactos da crise cambial que abalou o Brasil, FHC chegou a contabilizar a avaliação positiva de apenas 8% dos brasileiros.
No auge do segundo mandato, o tucano alcançou, em março de 2001, pouco antes da crise energética que ficou conhecida como o apagão elétrico, avaliação positiva de 33,3% dos brasileiros. Pouco mais do que o pior momento de Lula em todos os anos de seu governo, logo após o escândalo do mensalão, em novembro de 2005, quando o governo petista tinha a aprovação de 31,1% da população, e nada que se compare aos percentuais obtidos por Lula no segundo mandato. É uma confirmação da elevação da consciência política do povo brasileiro comemora o líder do PT na Câmara, Maurício Rands (PE).
O povo está vendo na prática aquilo que o PT sempre falou na teoria, que era possível conciliar crescimento econômico com distribuição de renda e inclusão social. O parlamentar petista admite, no entanto, que é "quase impossível" para o presidente manter o índice "estratosférico" de aprovação "para sempre", mas defende que a crise econômica financeira mundial não deve afetar nem a economia brasileira, de "fundamentos econômicos sólidos", segundo Rands, nem a popularidade futura de Lula.
Já o líder do DEM, senador José Agripino (RN), afirmou que a aprovação elevada de Lula é um "produto claro" das condições econômicas do país, mais especificamente da geração de emprego e do aumento da renda, que, de acordo com ele, são resultados de um trabalho que vinha sendo feito antes mesmo do governo petista.
Efeito Serra
O parlamentar da oposição pre- feriu comentar as sondagens para a sucessão presidencial de 2010, nas quais José Serra (PSDB) lidera todos os cenários em que seu nome é incluído na disputa, com percentuais que vão de 37,9% a 45,7%, nas simulações para o primeiro turno, e batendo todos os candidatos da base do governo Lula, no segundo. Isso significa que o eleitor não faz uma clara associação política entre Lula e o PT argumenta Agripino.
Ele aplaude os êxitos do governo na área econômica, mas na hora em que isso é projetado para o futuro, sem a presença de Lula, vem toda a lembrança de coisas que são rechaçadas pelo brasileiro na imagem dos partidos da base, como o mensalão, a corrupção e a impunidade.
Fator-Dilma
Rands faz uma leitura mais oti- mista para o governo das pesquisas sobre a sucessão presidencial. Segundo o petista, o crescimento da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, surpreende. Acho que dois anos antes das eleições o que aparece é mais um componente de recall por parte do eleitor, de lembrança dos candidatos contemporiza o deputado. Agora, para uma candidata que nunca disputou eleições e está sendo só cogitada já aparecer com esses percentuais eu diria que é um desempenho satisfatório. O levantamento CNT/Sensus foi realizado entre os dias 15 e 19 de setembro e entrevistou 2 mil pessoas em 136 municípios de 24 estados.