O globo, n.31897, 05/12/2020. Sociedade, p. 15

 

Rio registra semana com mais casos de Síndrome Gripal da pandemia

Felipe Grinberg

Arthur Leal 

05/12/2020

 

 

O Rio pode não ter voltado ao cenário do pico da realidade pode ser ainda pior. Enquanto se discute se a cidade enfrenta uma segunda onda ou um aumento nos casos do novo coronavírus, os registros da síndrome de gripe não param de crescer nas últimas semanas. O município registrou 29.790 casos na semana epidemiológica, entre 22 e 28 de novembro. O maior número até então havia sido na semana mais crítica da cidade, entre 26 de abril e 2 de maio, que teve 23.844 casos. O salto foi de 25% na o pico. De acordo com a classificação do Ministério da Saúde, para que um paciente seja classificado com síndrome de influenza é necessário que apresente pelo menos dois dos seguintes sintomas: febre, calafrios, dor de garganta ou de cabeça, tosse, coriza, alterações do olfato ou paladar . Todos os casos de síndrome de influenza são considerados suspeitos de serem Covid-19, mas ainda dependem de confirmação por exame clínico ou teste. Em três semanas, o número total de pessoas com esse diagnóstico triplicou na cidade do Rio. Nos primeiros sete dias de novembro, foram menos de 10 mil registros.

Mas outro dado acende o alerta de que o rio caminha a uma velocidade de transmissão de determinado vírus. Ontem, a média móvel de novos casos confirmados em todos os estados foi de 2.899. O número também é o mais alto desde o início da pandemia. Foram 20.293 fluminenses com diagnóstico positivo apenas nos últimos sete dias. Há um aumento de 92% no total de novos infectados, em comparação com 14 dias atrás. Ontem, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio confirmou 126 óbitos e 2.456 novos casos de Covid-19.

E paralelamente, em toda a rede pública estadual, continua a pressão sobre a saúde por leitos exclusivos para o novo coronavírus. A taxa de ocupação, considerando todas as unidades da rede estadual destinadas à Covid-19, é de 82% em leitos de UTI e 65% em leitos de Enfermaria. No total, na rede pública, há 428 pacientes com suspeita ou confirmação de coronavírus aguardando transferência para leitos de internação, sendo 216 deles para UTI. De acordo com a pasta, podem ser regulamentadas as vagas nas redes municipal, estadual ou federal. Na rede SUS municipal, segundo a prefeitura, a taxa de ocupação é de 91% nos leitos de UTI (564 pacientes) e 84% nas enfermarias. Ao todo, são 1.366 internados. Há uma fila de 344 pessoas com Covid-19 à espera de delícias na capital e na Baixada Fluminense, 162 delas para UTI. O município destaca que os pacientes mais graves, que aguardam leitos de UTI, estão sendo atendidos em leitos de unidades pré-hospitalares, com monitores e respiradores. Considerando apenas as unidades municipais de saúde, dos 721 pacientes internados com o novo coronavírus, 278 ocupam leitos de UTI, 97% de um total de 288 vagas. Relatório publicado pelo GLOBO já mostrou que as unidades de emergência (UPAS) e os centros de emergência regionais estão lotados e também lidam com problemas que vão desde a falta de equipamentos até questões estruturais, como obras a serem executadas e até mesmo falta de instalação de rede de Oxigênio. Na avaliação do infectologista da UFRJ Roberto Medronho, existem duas hipóteses que podem explicar o novo pico. Além do aumento real dos casos, ele não descarta alguma influência de barragem devido ao rompimento do sistema do Ministério da Saúde em novembro: - não há como negar o aumento dos casos. A evidência é o enorme estresse no sistema de saúde. O crescimento é muito grande.