Após a eleição municipal de Macapá ser adiada, devido ao apagão que atingiu o Amapá em novembro, mais de 200 mil eleitores da capital do estado foram às urnas ontem escolher um novo prefeito e vereadores. A decisão sobre quem comandará o Executivo ficará para o segundo turno, que será disputado entre Josiel Alcolumbre (DEM), irmão do presidente do Senado, David Alcolumbre (DEM), e o deputado estadual Dr. Furlan (Cidadania). O pleito está marcado para o dia 20 de dezembro.

Josiel Alcolumbre conquistou 29,47% dos votos válidos, contra 16,03% de Furlan — que enfrentou uma disputa acirrada contra João Capiberibe (PSB), que ficou em terceiro lugar, por uma vaga no segundo turno. A diferença entre os dois candidatos foi de apenas 2.209 votos.

Seguindo a tendência das demais capitais brasileiras, a abstenção em Macapá também cresceu em meio à pandemia de Covid-19. Ao todo, 75.557 eleitores não compareceram às urnas, número maior que os votos recebidos por Josiel e equivalente a 25,8% dos votantes na cidade. Na eleição de 2016, essa taxa foi de apenas 16,3%.

AMPLA ALIANÇA

Além do suporte de Davi Alcolumbre, que se engajou na campanha, articulando uma ampla coligação, Josiel também é apoiado pelo atual prefeito, Clécio Luís (sem partido), e pelo governador do Amapá, Waldez Goes (PDT). Já Dr. Furlan, que tem formação como médico, está no terceiro mandato de deputado estadual. Ele usou em sua campanha o discurso da renovação, com críticas às famílias que dominam a política local.

Capiberibe, que já foi prefeito de Macapá (19891992) e governador do Amapá (1995- 2002), começou a apuração isolado no segundo lugar, mas acabou ultrapassado pelo candidato do Cidadania na reta final. A última pesquisa do Ibope, divulgada na quinta feira, já havia indicado um cenário embolado para o segundo turno, com empate técnico entre seis candidatos no segundo lugar.

O apagão, que durou 22 dias, afetou diretamente Josiel, que chegou a cair nove pontos percentuais nas pesquisas, de 35% para 26%. Depois, oscilou dois pontos para cima. Davi Alcolumbre chegou a afirmar que o irmão foi “o maior prejudicado com o apagão” porque poderia ter vencido o pleito no primeiro turno. Depois da crise energética no estado, candidatos com o mote da renovação cresceram, entre eles Dr. Furlan, que fez críticas à gestão do problema pelas autoridades e vinculou isso ao aumento de casos de Covid-19.

As eleições foram adiadas a pedido do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP), que alegou risco à segurança dos eleitores da capital por conta de protestos — motivados pelo apagão — que estavam previstos para a data original do pleito. A capital foi a única cidade do estado com eleição adiada.

Ao acatar o pedido, o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, afirmou que entrou em contato com a Polícia Federal (PF), com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e com o Exército e que houve consenso sobre os riscos de realizar a votação naquele momento. No sábado, Barroso visitou Macapá e classificou a situação como “sob controle”:

— (A criminalidade é) preocupante, grave, mas não especificamente um problema da Justiça Eleitoral. Nesse mundo que a gente vive, totalmente tranquilo só está quem está mal informado. Mas penso que está tudo sob controle.