Título: Nas escolas, 2 milhões ainda não sabem ler
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 25/09/2008, Economia, p. A14

Mesmo dentro de sala de aula, os brasileiros ainda não conseguiram transpor uma barreira que mantém o Brasil distante de países desenvolvidos: o analfabetismo. Há 2,1 milhões de crianças entre 7 e 14 anos no país que, embora freqüentem a escola, continuam analfabetas. O IBGE revela que frequentavam a escola 87,2% das crianças e adolescentes entre 7 e 14 anos que não sabem ler e escrever ­ 2,1 milhões em 2007. E uma minoria deles estava com os estudos atrasados: apenas um quarto dos estudantes do ensino fundamental tinha mais de dois anos acima da idade recomendada para a série que estudava.

A taxa de analfabetismo entre os que estudam contrasta com a freqüência escolar dos jovens entre 7 e 14 anos, que alcançou 97,6% em 2007. Para os pesquisadores, a contradição revela falhas na qualidade de ensino e pode ter como causa o sistema de aprovação automática . Na média brasileira, a taxa de analfabetismo foi de 10,5% da população, ou 14,1 milhões de pessoas. O índice é menor que o de uma década atrás ­ em 1997, havia 15,9 milhões de analfabetos, segundo o IBGE. Mas ainda não alcançou patamares como os da China (7,1%) e Rússia (0,6%), que dividem com o Brasil lugar nos Brics (grupo de países emergentes formado também pela Índia), segundo a pesquisa. A taxa brasileira, como mostrou a Pnad semana passada, também é uma das piores da América Latina e está atrás de países como Bolívia, Suriname e Peru.

Trabalho infantil

O percentual de crianças entre 10 e 15 anos que fazem trabalho doméstico foi o que mais cresceu nos últimos dez anos, de acordo com o IBGE. O estudo mostra que 5,4% das crianças nessa faixa etária que trabalhavam estavam ocupadas no próprio domicílio em 1997, contra 8% no ano passado. O trabalho de crianças fora de casa ­ em outro domicílio ou em área ou via pública ­ também teve aumento. O percentual de crianças que prestava trabalhos domésticos para outra pessoa passou de 8%, em 1997, para 9,1%, em 2007. Já a proporção de crianças que trabalhavam em área ou via pública subiu de 5% para 5,7%, entre 1997 e 2007. Mas houve queda na ocupação em fazendas, sítios e granjas de 43,4% para 36,5%.