Título: Menos famílias abaixo da linha de pobreza no Brasil em 2007
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 25/09/2008, Economia, p. A14
IBGE constata maior expectativa de vida e carência na área rural.
Caiu o número de domicílios brasileiros abaixo da linha de pobreza, entre 2002 e 2007, de acordo com a síntese dos indicadores sociais divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). De 31,8% em 2002, a percentagem desses domicílios baixou para 23,5% em 2007, o que corresponde a 14,1 milhões de famílias que viviam neste último ano com renda mensal per capita de até R$ 190. O valor médio mensal do rendimento familiar per capita em 2007 era R$ 624. Entretanto, metade das famílias vivia com menos de R$ 380 por mês, o valor do salário mínimo em 2007.
Apesar da melhora, a pesquisa identifica que ainda há um abismo na distribuição da renda. Em 2007, os 20% mais ricos detinham 59,7% da renda, contra 63,7% em 2001. Já os 20% mais pobres aumentaram a participação na renda de 2,6% em 2001 para 3,2% em 2007. Regionalmente, a distribuição de renda no país continua desigual: metade das famílias nordestinas viviam com até R$ 214, enquanto no Sudeste, com R$ 441. Do total das 60,1 milhões de famílias brasileiras, 28,1 milhões (47,7%) contavam com pelo menos uma criança ou adolescente de até 14 anos de idade em 2007. Este contingente de pessoas, mesmo com a redução dos índices nos últimos 10 anos, continua sendo o mais afetado pela pobreza: no ano considerado, a pesquisa revelou que 30,0% dos brasileiros viviam com rendimento familiar mensal de até meio salário mínimo per capita.
No caso dos domicílios com crianças e adolescentes de 0 a 17 anos, essa proporção sobe para 46%. Chama mais atenção ainda o percentual de domicílios com rendimento familiar mensal de até um quarto de salário mínimo e com crianças, que chega a 19,6%. Em contrapartida, apenas 1,7% desse segmento da população vivia com rendimento familiar de mais de cinco salários mínimos per capita.
Mais escolaridade
A freqüência à escola cresceu bastante entre 1997 e 2007. No grupo de 0 a 6 anos de idade, em 1997, 29,2% freqüentavam escola, percentual que passou para 36,5% em 2002 e chegou a 44,5% em 2007. No subgrupo de 4 a 6 anos de idade, o percentual em 2007 era de quase 78%. No grupo de 15 a 17 anos, a taxa de freqüência também cresceu, saindo de 77,3% em 1997 para 82,1% em 2007. A taxa de mortalidade infantil continua em declínio, passando de 35,2 por mil para 24,32 por mil, entre 1997 e 2007. O Rio Grande do Sul foi o Estado que registrou a menor taxa de mortalidade infantil e Alagoas, a mais elevada.
Mais idosos
O IBGE constatou também que em mais da metade das casas com pessoas de 60 anos ou mais, os idosos são responsáveis por até 90% do rendimento mensal domiciliar. Em 2007, 45% dos idosos no Brasil 19,7 milhões, ou 10% da população eram chefes de família e viviam com os filhos. De acordo com a pesquisa, poderiam ser considerados em situação de pobreza mais de 2,5 milhões de idosos (12,2%) no país, que viviam em domicílios cujo rendimento médio mensal domiciliar per capita era de até meio salário mínimo. O percentual de idosos que moravam em domicílios nesta faixa de rendimento nas áreas rurais chegava a 20,2% do total de idosos destes locais, enquanto nas áreas urbanas era de 11,1%.
A região Nordeste (24,2%) alcançou a maior proporção de idosos em situação de pobreza e a Sul (6,5%), a menor proporção. Em números absolutos, os maiores grupos de idosos de 60 anos ou mais em situação de pobreza moravam na Bahia (334 mil), Minas Gerais (265 mil) e São Paulo (248 mil). O maior contraste urbano/rural ocorria na região Sudeste (6,8% / 16,1%), e o menor na Região Sul (6,3%/7,1%). Considerando a faixa de rendimento mensal domiciliar de mais de dois salários-mínimos per capita, a proporção de idosos nas áreas urbanas (26,5%) era mais de três vezes superior a da área rural (8,1%). A esperança média de vida no Brasil também aumentou 3,4 anos em 10 anos, para 72,7 anos de idade. No caso de mulheres, de 73,2 para 76,5 anos, e para os homens, de 65,5 para 69 anos.