Correio braziliense, n. 21013, 05/12/2020. Economia, p. 7

 

Gasolina: queixas de todo lado

Israel Medeiros 

05/12/2020

 

 

Mesmo após a redução de 2% nos preços da gasolina nas refinarias da Petrobras, que entrou em vigor na última quinta-feira, consumidores reclamam dos altos valores pagos pelo litro do combustível nos postos. De acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), desde o último domingo, o preço médio da gasolina no Distrito Federal foi de R$ 4,557. Nesse período, o menor preço registrado foi de R$ 4,289 e o maior, de R$ 4,699. O levantamento foi feito em 47 postos de combustível.

O auxiliar administrativo Bruno Costa, de 30 anos, afirma que tem sido cada vez mais difícil manter o carro abastecido, mesmo sendo um modelo considerado econômico. Ele é morador do Riacho Fundo II e percorre, diariamente, cerca de 70km para se ir e voltar do trabalho, no Plano Piloto. "A gasolina em Brasília está cara em praticamente todas as regiões. Eu abasteço muito no final do Setor Terminal Norte (STN), no Setor de Indústrias Gráficas e no Recanto das Emas, e o valor é o mesmo em todos, variam entre R$ 4,49 e R$ 4,69. Não há grande variedade de preços", contou.

Bruno diz que gasta cerca de R$ 400 por mês com gasolina. Ele conta que tem a impressão de que os postos são rápidos para repassar altas de preços, mas demoram a reajustá-los quando há queda no valor praticado nas refinarias. "Meu trajeto é praticamente só linha reta, mas são trechos bem longos e com muito trânsito, o que gera um alto consumo. Um fator importante de se reparar é que quando há reajuste para aumento de preço nas refinarias, para o consumidor ele é quase que instantâneo, já quando diminui, percebo que leva até três dias para chegar às bombas", lamentou.

No entanto, o presidente do Sindicombustíveis, Paulo Tavares, afirma que os postos não têm repassado todos os reajustes feitos pela Petrobras recentemente. Vale lembrar que na última semana de novembro, a estatal anunciou um aumento de 4% no preço da gasolina nas refinarias e de 5% no diesel.

"Em 12 de novembro, houve um aumento da Petrobras e, no dia 20, uma segunda alta. Esses dois aumentos geraram um acréscimo de R$ 0,17 no preço do litro da gasolina. Ontem, houve uma queda de R$ 0,02. Ou seja, nas últimas três semanas, houve um aumento de R$ 0,15. Entretanto, o preço médio praticado em Brasília pelos postos era em torno de R$ 4,64, chegou a baixar para R$ 4,59 e depois foi para R$ 4,68", afirma. De acordo com a ANP, o valor médio na primeira semana de novembro foi de R$ 4,441; na semana seguinte, R$ 4,459. Entre 22 e 28 de novembro, no entanto, o preço médio saltou para R$ 4,584, maior valor do mês.

Nas refinarias, no acumulado do ano, os 39 ajustes da Petrobras apontam para uma diminuição de 11,4% no preço da gasolina. Foram 21 diminuições e 18 aumentos. De acordo com o Ato Cotepe, do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), publicado no Diário Oficial da União em 25 de novembro, o preço adotado pelos postos a partir de 1º de dezembro foi de R$ 4,589.

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Imposto desestimula uso do etanol 

Bruna Pauxis 

05/12/2020

 

 

O presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Evandro Gussi, lamentou a falta de uma diferenciação tributária para o etanol, no Distrito Federal. "Não existe, em Brasília, um diferencial tributário entre o etanol e a gasolina, como em outras unidades da Federação. O imposto desestimula o uso do etanol", afirmou, em entrevista ao CB.Agro, programa feito em parceria entre o Correio e a TV Brasília. Segundo ele, o preço do etanol tem aumentado, o que desanima os motoristas da capital na hora de abastecer o carro.

De acordo com Gussi, a diferenciação tributária se justifica pelas vantagens ambientais do produto. Misturado na proporção de 27% na gasolina, o etanol contribui para reduzir as emissões de CO2 no meio ambiente e, consequentemente, para a saúde das pessoas. "Quando falamos de mobilidade, nenhum país tem uma mobilidade tão sustentável quanto o Brasil", afirmou.

Para o futuro, Gussi antecipa conquistas importantes. "Estamos indo para o caminho de um etanol neutro em carbono. Se juntarmos isso ao veículo híbrido (com motor elétrico e de combustão), que já temos rodando nas ruas do Brasil e,especialmente no futuro, com a célula combustível, podemos estar falando de um carro efetivamente neutro em emissão. Mais do que isso, em breve estaremos falando de um carro que captura carbono da atmosfera", disse.

Neste ano de pandemia, a demanda de etanol caiu, visto que as pessoas se movimentam menos e utilizam menos combustível. O presidente da Unica ressaltou, porém, que o trabalho não parou. "O setor produz alimento e energia, o que é fundamental", ponderou. Segundo Gussi, em meio a mudanças de mercado, o que prevalece é a preocupação com a capacitação dos trabalhadores do setor para operação das novas tecnologias do campo. "Hoje, o operador de máquina já tem um conhecimento digital, sistemas sofisticados", contou.

*Estagiários sob a supervisão de Odail Figueiredo